sábado, 4 de agosto de 2012

Comissão da Assembleia quer “reproibir” venda de chips

Deputados dizem que a operadora TIM não cumpriu compromissos de melhoria nos serviços, assumidos com Ministério Público, Procon e OAB


Publicado em 04/08/2012 | Amanda Milléo, especial para a Gazeta do Povo
A Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Paraná pretende ingressar na segunda-feira com uma ação cautelar na Justiça Federal, solicitando a volta da proibição à venda de novas linhas da operadora TIM no estado. A venda de chips e a contratação de novos planos foi suspensa por 11 dias pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Além da TIM, cujas vendas foram vedadas no Paraná e em outros 17 estados, foram afetadas a Claro (em três estados) e a Oi (em cinco estados). Os negócios só foram retomados depois que as companhias apresentaram planos para a melhoria na qualidade dos serviços.
De acordo com informações da assessoria do deputado Leonaldo Paranhos (PSC), presidente da Comissão, TIM não atendeu aos compromissos assumidos com o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e com o Procon-PR. “Acho que houve pressão e que a medida foi tomada em razão do Dia dos Pais, data em que tradicionalmente o celular é um dos presentes mais procurados”, diz o parlamentar. A TIM, por meio da assessoria de imprensa, informou que não estava ciente da ação judicial e que, por isso, não se pronunciaria sobre o assunto.
Nas lojas, a procura permanece baixa
Ontem pela manhã, após a liberação da venda de chips das operadoras TIM, Oi e Claro pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), lojas, bancas, lotéricas e outros pontos de venda no centro de Curitiba ainda não sentiam aumento na demanda. Em alguns lugares, os novos chips não haviam sido entregues ainda. Ainda assim, comerciantes estavam otimistas. De acordo com Maurício Puschalski, proprietário de uma banca de revistas, até aquele momento os chips não haviam tido muita procura. “Muitas pessoas não sabiam que a venda havia sido permitida. Acho que a procura vai se manter no mesmo nível de antes da suspensão”, afirma.
Para Iva Mello, também dona de banca, o chip da TIM é o mais procurado. “Passam por aqui, mais ou menos, 12 pessoas por dia pedindo o chip da TIM, principalmente. Mesmo durante os dias que não podia vender, pelo menos duas pessoas passavam perguntando. Ontem mesmo vieram dois”, conta.
Alguns proprietários não sabiam informar se a proibição continuava devido ao tempo na entrega dos chips. “O homem que entrega só vem à tarde. Mesmo assim, não sei se vai aumentar a procura pelo serviço porque a TIM estava ruim, todo mundo reclamava”, conta o jornaleiro Gerson Barbosa.
A funcionária de uma lotérica havia cancelado sua conta com a operadora após enfrentar problemas para realizar chamadas. Após a liberação das vendas, habilitou um novo chip da TIM. “Comprei um chip da Vivo, mas o problema é que toda a minha família e meus amigos têm aparelhos da TIM, e a conta estava ficando um pouco cara. Agora que liberaram a venda de novo, voltei para a operadora. Tomara que o serviço melhore”, arrisca.
Procura
12 pessoas por dia, em média, procuram por chips de celular na banca de revistas da empresária Iva Mello. A demanda caiu durante o período da proibição e, ontem, ainda não havia se recuperado.
Dentre os compromissos assumidos, a TIM prometeu aumentar o número de atendentes do call center, melhorar a relação entre número de clientes e de antenas e, assim, a qualidade do sinal, entre outros aspectos. À Anatel, a empresa avisou que investiria R$ 8,2 bilhões no período 2012-2015. A companhia não divulgou ao público detalhes sobre esse plano de investimentos, nem dados regionalizados.
Ministério Público
Antes das ações tomadas pela Anatel contra a venda de planos, em meados do mês passado, o Ministério Público do Paraná já previa uma ação contra a operadora, mirando na qualidade da prestação de serviços. Em maio deste ano, o MP solicitou à agência um relatório detalhado com os números de fiscalização de qualidade e dados do Procon-PR sobre as reclamações e procedimentos instaurados contra a operadora nos últimos três anos. De acordo com informações da assessoria do MP-PR, o órgão já está de posse destes dados e divulgará novidades sobre o caso da TIM na segunda-feira.
Operadoras prometem investimentos de R$ 20 bilhões
Agência O Globo
Oi, TIM e Claro prometeram à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) investir R$ 20 bilhões até 2014 para atender às demandas impostas pela agência. Desse total, R$ 4 bilhões serão aplicados em qualidade de rede e melhoria no atendimento aos clientes. “São investimentos adicionais, antecipação de investimentos ou remanejamentos”, afirmou João Rezende, presidente da agência.
Segundo Rezende, os planos de investimento apresentados pelas empresas são um primeiro passo para melhoria da qualidade dos serviços móveis no país. “Temos que ter consciência de que o serviço não vai melhorar amanhã, mas, no caso específico do atendimento do call center, talvez seja possível, no curtíssimo prazo, melhorar o nível de atendimento, algo como em 30 dias”, observou. “Vamos apertar o parafuso trimestralmente, se percebermos que uma empresa não esteja evoluindo satisfatoriamente.”
O “aperto” se refere à fiscalização que será feita a cada três meses nos investimentos das operadoras, podendo resultar em novas punições. “Se em novembro encontrarmos problemas que as empresas não tiveram condições de tratar, tomaremos providências necessárias para realinhamento da empresa com as necessidades”, disse Bruno Ramos, superintendente de serviços privados da Anatel.
A Anatel vai monitorar tanto o nível de reclamações por problemas de qualidade, feitas por usuários à própria agência, quanto a ampliação das redes para atender ao crescimento da demanda, além dos níveis de interrupção de chamadas e sua duração média.
Segundo fontes, a agência teria sido pressionada a liberar rapidamente as vendas por conta da proximidade do Dia dos Pais. Mas o presidente da Anatel negou a informação. “O ministro Paulo Bernardo havia previsto que as liberações sairiam em 15 dias e nós fizemos antes, em 11”, retrucou.
Segundo cálculos de um especialista do setor, as operadoras perderam pelo menos R$ 527 mil por dia, considerando a venda diária média de chips pré-pagos, com a recarga mínima, e de pós-pagos, com o pacote mais básico, nos estados em que houve a proibição.

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