domingo, 29 de novembro de 2009

Mandrágora O veneno dos amantes

Planta venenosa da família das solanáceas, a mesma da beladona e do meimendro, a mandrágora (Mandragora officinarum) contém alcalóides como a atropina e a escopolamina. É nativa do Mediterrâneo. Erva de caule muito curto, emite uma roseta de folhas, de cujo centro se alteiam as hastes das flores, de cor entre o violeta e o azul. A raiz principal freqüentemente se bifurca e, sendo grossa e carnuda, assemelha-se a duas coxas. Para aumentar essa semelhança, os feiticeiros a esculpiam e acrescentavam detalhes, como se vê em gravuras medievais que ilustram seu suposto poder afrodisíaco. Ora, uma vez aceito que uma planta pudesse tem um corpo humano "perfeito", o próximo passo era supor que pudesse receber um espírito, ou a força vital de um homo sapiens vivente... Segundo H.P. Blavastky, "no Catecismo dos drusos da Síria" os homens foram criados pelos "Filhos de Deus", que desceram à Terra e, depois de colherem sete mandrágoras, animaram as raízes até que se convertessem em homens (Doutrina Secreta, II, 30, ed. Inglesa). Dados dispersos no Glossário Teosófico informam que a planta se revela "especialmente eficaz na magia negra" (Doutrina Secreta, 11, 30) e, apesar do preparo de "bebidas ou filtros" ser o uso mais cotado entre os "vários fins ilícitos", alguns ocultistas "da mão esquerda" chegariam a fazer homúnculos com ela.

O nome hebraico para as mandrágoras (dudhaim) é formado pela mesma raiz de "amor". Este é outro motivo para que, em algumas partes do Oriente Médio, esta planta ainda seja considerada como afrodisíaco capaz de excitar o amor e aumentar a fertilidade humana. O Glossário Teosófico fornece uma interpretação metafísica politicamente correta onde, "em linguagem cabalística", dudhaim corresponde à união do "manas superior e inferior" ou da Alma e do Espírito, duas coisas "unidas em amor e amizade (dodim)". Mas a intenção que personagens bíblicas tiveram ao consumir a planta foi bem diferente. Em Gênese 30:14-15, Raquel, esposa de Jacó, negocia a oportunidade de usufruir os direitos conjugais de seu marido por uma noite com sua irmã Lia, em troca de alguns frutos de mandrágoras. Desta relação conturbada nasceu Issacar. Também, numa cena de romântico erotismo do Cântico dos Cânticos, a amada afirma a reciprocidade de seu amor levando seu amante para pernoitar no campo onde "as mandrágoras exalam seu perfume" (Cântico 7:14). A tradição colocou este fruto em relação com o nascimento de José.
Vem, meu amado, vamos ao campo,
pernoitemos sob os cedros; madruguemos pelas vinhas,
vejamos se a vinha floresce, se os botões estão se abrindo,
se as romeiras vão florindo: lá te darei meu amor...
As mandrágoras exalam seu perfume;
À nossa porta há de todos os frutos:
Frutos novos, frutos secos,
que eu tinha guardado,meu amado, para ti.
Cântico dos Cânticos, 7:12-14.


Mandrágora acorrentada a um dos
cães utilizados para extrair as raízes
do solo, Século XII

Os antigos, como os medievais, conheciam o poder da raiz desta planta. A tradição greco-romana daria outros usos à planta. Nos tempos de Cristo, a comprida raiz castanha da mandrágora era usada como anestésico nas operações. Platão cita o preparo da mandrágora como fármaco entorpecente ao descrever um motim. "Algumas vezes", quando marinheiros disputam pela influência, tendo em vista o favor do dono do navio, "se não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem a impotência o verdadeiro dono com a mandrágora, a embriaguez ou qualquer outro meio" (A República, 488c). Com o tempo, as receitas foram se tornando cada vez mais insólitas. Dizia-se, por exemplo, que a colheita da mandrágora exigia providências profiláticas, pois a planta não devia ser tocada. A raiz era arrancada em noite de luar, com uma corda atada a um cachorro preto, após um ritual e orações. Segundo a crença, se colhida sem essas precauções, a mandrágora soltava um grito terrível, capaz de matar ou enlouquecer quem o ouvisse. Se obtida à maneira ritual, contudo, a raiz possuía poderes mágicos e servia para tomar fecundas as mulheres estéreis.

A Mandrágora já foi considerada como uma cura para a loucura e uma droga exorcisante por se pensar que os demônios não toleravam o seu cheiro. Outrora, as verrugas eram esfregadas com uma batata, que a seguir tinha de ser deitada fora. Então, à medida que o tubérculo apodrecia, acontecia o mesmo com a verruga! O Glossário Teosófico diz-nos que os antigos germanos veneravam ídolos fabricados com a raiz de mandrágora. "Daí seu nome de alrunes, derivado da palavra alemã Alraune (mandrágora). Aqueles que possuíam em sua casa uma dessas figurinhas, acreditavam-se felizes, pois elas velavam pela casa e por seus moradores, preservando-os de todo mal, e prediziam o futuro, emitindo certos sons ou vozes. O possuidor de uma mandrágora, além disso, obtinha bens e riquezas, através de sua influência".

Na literatura clássica, Shakespeare fala de seus arrepiantes chiados enquanto Maquiavel aponta para os engodos de charlatões que propagam suas virtudes maravilhosas na peça A Mandrágora. Observação mais que providencial, visto que quando a humilde batata chegou a Inglaterra era tida como afrodisíaca e vendida a mais de 500 libras o quilo. Atualmente, ela ainda é usada em doses seguras na fabricação de remédios homeopáticos.
Gato Preto

domingo, 25 de outubro de 2009

DEUSA BASTET

Mulheres descartáveis




21/10/2009 08:56

O vale tudo emocional que vivemos nos últimos anos não é lugar para moças de família
Ivan Martins

Revista Época
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA

Michel Houellebecq é um escritor francês de péssima reputação entre as mulheres. Escreveu Partículas Elementares, livro em que lança mão de uma ciência duvidosa (a sociobiologia) para defender uma tese controversa: a de que a revolução sexual liquidou as chances de felicidade feminina.

O livro sugere que as mulheres se tornaram objetos de prazer descartáveis, que perderam o amparo que as estruturas tradicionais costumavam oferecer. Envelhecem, perdem o atrativo e a função reprodutiva e vivem à mercê dos filhos, cada vez menos respeitosos. É pessimista a não poder mais. Quem quiser ter contato com uma versão adocicada do livro pode pegar o filme nas locadoras, com o mesmo nome.

Desde a primeira vez em que tive contato com as idéias de Houllebecq elas me deixaram um gosto esquisito na boca. Por me considerar profundamente feminista, briguei silenciosamente com elas. Por ser, como o autor, um tanto pessimista, não consegui me livrar inteiramente da impressão de que as mulheres, de alguma forma, estão sendo enganadas pela história: no momento da sua maior conquista, no momento da liberdade e da igualdade de direitos, muitas se descobrem de mãos e vidas vazias.

Na semana passada aconteceram duas coisas que reforçaram meu pessimismo.

Primeiro, publicamos aqui na ÉPOCA uma reportagem perturbadora sobre infelicidade feminina. Desde 1972, ano após ano, um percentual cada vez maior de mulheres se diz infeliz com a própria vida, enquanto um número cada vez maior de homens se diz feliz com a deles. Quando a pesquisa começou, logo depois da revolução social e sexual dos anos 60, as mulheres eram muito mais felizes e esperançosas do que os homens. Agora a situação se inverteu. Pior: as mulheres ficam cada vez mais tristes à medida que envelhecem, enquanto os homens ficam mais satisfeitos.

Outra coisa que me deixou pessimista foi a conversa com uma amiga querida que já passou dos 40, tem filhos pequenos, nenhum marido e acabou de romper um namoro importante. Ela está desolada, tomada pela sensação de que as dores de amor são cada vez maiores, o tempo de recuperação é cada vez mais longo e a paixão, que viria a enterrar a dor passada, é cada vez mais rara. Os filhos dão trabalho, a vida é dura e ela já não se sente atraente como costumava ser. Eu tentei animá-la o quanto pude, mas saí da conversa mais pesado do que entrei. Pensei no livro de Houllebecq.

Hesito em escrever o que planejei escrever agora. Faltam palavras e a convicção profunda. O sentido do que eu quero dizer me parece francamente conservador, ainda assim talvez seja a coisa certa a ser dita. Talvez. Considerando, então, que as dúvidas podem ser melhores que as certezas, avancemos.

SAIBA MAIS

Pode ser que a revolução dos costumes tenha traído as mulheres, como sugere Houllebecq. Digo isso e me lembro, imediatamente, de mulheres bem-sucedidas e livres que eu conheço. Elas tocaram sua vida sem se lixar para preconceitos e para a tutela dos homens. Criaram seus filhos de forma não convencional. Tiveram maridos, mas nunca foram prisioneiras de casamentos. São filhas dos anos 60. Agora estão chegando aos 50 ou 60 no controle das próprias vidas. Têm dinheiro, prestígio social e familiar e – não menos importante – estão acompanhadas. São felizes, me parece. Mas talvez sejam exceções: personalidades exuberantes, talentos privilegiados que teriam dado certo em qualquer época e qualquer ambiente.

A maioria das mulheres acima de 40 que eu conheço não é assim. A maioria é gente normal, que viveu as liberdades herdadas dos anos 60 e 70 como teria vivido o conservadorismo anterior, com naturalidade. Não eram revolucionárias. Elas acreditaram na ideia da época de que poderiam ser sexualmente livres, economicamente independentes e que tinham pleno direito à felicidade. E não foi bem assim que aconteceu. O sexo escasseia quando se deixa de ser jovem e bonita. A independência econômica ainda é uma miragem para homens e mulheres. E a felicidade, agora se sabe, não é sinônimo de liberdade e igualdade. Talvez seja o contrário, o que seria muito humano.

Parte dos problemas femininos se deve ao comportamento dos homens. Antigamente, eles ficavam no casamento, ainda que não ficassem necessariamente em casa. Manter os filhos era obrigação primordial do pai. Agora os homens vão embora e frequentemente deixam às mulheres a tarefa de criar os filhos. E está tudo bem. Não dão dinheiro suficiente e nem atenção suficiente. E está tudo bem. Na cultura de “vamos ser felizes”, herdada dos anos 60, que se espalhou por todas as classes sociais, a obrigação essencial de cada um é com a própria felicidade. A noção de dever e de obrigação vai se esgarçando até não significar coisa nenhuma. Lealdade (sobretudo sexual e afetiva) é uma palavra anacrônica. Vem junto com “traição” na lista daquelas que se usa entre parênteses.

Lembro de uma história exemplar que me contaram anos atrás. Está o pescador bonitão na praia, fumando um baseado com uma turista no colo, quando chega a mulher dele, completamente descontrolada. Ela berra com o sujeito que ele não tem ido pra casa, que ela e as crianças estão passando necessidade, lembra que ele é o marido dela, que ele é pai, pelo amor de Deus! Incomodado, mas sem tirar a gatinha do colo, o pescador responde à mulher: “Pô, para de me sufocar. Me deixe em paz. Eu preciso de espaço”... Nessa história tem uma mulher que chora e outra mulher sentada no colo do pescador. Além de um pescador safado.

Outra história, essa tirada de um filme: no final de "Terremoto" (de 1974), um sexagenário interpretado por Charlton Heston tem de escolhe entre salvar-se com a jovem e linda amante ou encarar a morte em companhia da mulher envelhecida (e chata) de toda a vida, interpretada por Ava Gardner no crepúsculo da sua beleza. O sujeito hesita por uma fração de segundo e mergulha para morrer com a velha companheira. Se hoje Tarantino filmasse essa cena seria chamado de exagerado. Lealdade saiu de moda.

É claro que a culpa pela infelicidade feminina não é dos homens. Nas últimas décadas as mulheres puderem fazer escolhas. Elas decidiram com quem e como gostariam de viver. Quantas vezes iriam casar ou se separar. Quando e em que circunstância seriam mães (esquecendo, por um segundo, que o aborto ainda é crime no Brasil). Se deixaram de perseguir a própria carreira (ou o sonho) com a dedicação que ela (ou ele) merecia, isso foi escolha, não imposição. Pelo menos na classe média. Se perseguiram a carreira e agora se sentem sozinhas, também isso foi resultado de escolha. O segundo filho, o casamento tedioso, a solidão apavorante: tudo decorre das escolhas. O amor que arrebata também. A família feliz também. A estabilidade. A luta na trincheira do lar. O que não é escolha é azar, como o abandono. Ou sorte, que também existe.

Assim tem vivido a minha geração. Ela fez e faz escolhas dentro daquilo que Brecht chamava de “o tempo que nos foi dado viver”. E eu acho que esse tempo tem beneficiado mais os homens que as mulheres. E, dentre as mulheres, tem beneficiado mais aquelas que fizeram opções mais conservadoras. Ainda é arriscado para as mulheres viver com a liberdade dos homens. O custo dos erros e dos azares não é o mesmo. E, ao longo do tempo, vai se tornando mais alto para as mulheres. Esse é o tema de Houllebecq. Homens não engravidam e raramente ficam com os filhos. Homens viajam mais leve pela vida e pelo mundo do trabalho. Homens (ainda) não dependem tão fundamentalmente da juventude e da beleza. Usufruem mais do mundo e por mais tempo. Estão mais bem aparelhados para viver o cada-um-pra-si do planeta egoísmo.

A que isso nos leva? A uma segunda revolução dos costumes, eu acho. Na primeira, quarenta anos atrás, homens e mulheres ficaram “iguais”. Na segunda, talvez a gente descubra que as mulheres – as mães dos nossos filhos – precisam de um grau adicional de proteção social, de lealdade afetiva e de celebração nas suas funções tradicionais. Sem hierarquias. Sem “ordem natural” masculina. Gente com poder igual, mas com necessidades diferentes.

Em 1875, descrevendo uma utopia, Karl Marx escreveu que a sociedade ideal deveria dar às pessoas de acordo com as sua necessidade e receber delas de acordo com a sua capacidade. Talvez muitas mulheres estejam dando mais do que deveriam e recebendo menos do que precisam, em vários terrenos. Talvez por isso as pesquisas mostrem que elas estão cada vez mais tristes. Talvez por isso a minha amiga esteja destroçada. A simpática barbárie de costumes em que vivemos nos últimos anos pode não ser um bom ambiente para moças de família. Ou para as moça construírem direito suas famílias.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)
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sábado, 24 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

1
EDITAL Nº 01 DO 1º VESTIBULAR DE 2010
DO INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS (IFMG)
O Reitor do Instituto Federal de Minas Gerais, Caio Mário Bueno Silva, no uso de suas atribuições legais de
acordo com a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União em 30 de dezembro
de 2008, torna público o lançamento do presente Edital e faz saber aos interessados que estarão abertas, de 08 de outubro
a 17 de novembro de 2009, as inscrições para os cursos superiores do 1º Vestibular, com validade para o 1º semestre
letivo de 2010.
DOS CURSOS SUPERIORES
1. DOS OBJETIVOS DOS CURSOS
Os cursos oferecidos têm como objetivo formar profissionais aptos a exercer atividades específicas no
trabalho, com escolaridade correspondente ao nível superior.
Para isso, conjugam conhecimentos técnicos e tecnológicos com uma prática pedagógica que privilegia a
resolução de problemas, com foco no desenvolvimento da autonomia do sujeito.
2. Dos Cursos Oferecidos
2.1 Os quadros de 01 a 06 mostram as características dos cursos ofertados pelo IFMG.
QUADRO 1 – CAMPUS BAMBUÍ
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Bacharelado em Administração Quatro anos Noturno 40
Bacharelado em Zootecnia Quatro anos e meio Diurno 40
Tecnologia em Alimentos Dois anos e meio Diurno 36
Licenciatura em Física Três anos Noturno 35
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Dois anos e meio Matutino 30
Engenharia de Produção Cinco anos Diurno 40
TOTAL 221
QUADRO 2 – CAMPUS CONGONHAS
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Engenharia de Produção Cinco anos Noturno 40
Licenciatura em Física Quatro anos Noturno 40
TOTAL 80
QUADRO 3 – CAMPUS FORMIGA
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Licenciatura em Matemática Quatro anos Noturno 40
Tecnologia em Gestão Financeira Três anos Noturno 40
Engenharia Elétrica Cinco anos Integral 40
TOTAL 120
2
QUADRO 4 – GOVERNADOR VALADARES
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Engenharia de Produção Cinco anos Noturno 30
Tecnologia em Gestão Ambiental Três anos Noturno 40
TOTAL 70
QUADRO 5 – CAMPUS OURO PRETO
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Tecnologia em Conservação e Restauro Três anos Noturno 36
Licenciatura em Física Quatro anos Noturno 40
Licenciatura em Geografia Quatro anos Noturno 40
TOTAL 116
QUADRO 6 – CAMPUS SÃO JOÃO EVANGELISTA
CURSOS DURAÇÃO TURNO VAGAS
Tecnologia em Silvicultura Três anos Diurno 35
Licenciatura em Matemática Quatro anos Noturno 40
Bacharelado em Sistema de Informação Quatro anos Diurno 70
TOTAL 145
2.1.1 O número total de vagas ofertadas pelo IFMG para os cursos superiores é de 752.
3. DOS REQUISITOS BÁSICOS EXIGIDOS PARA INGRESSO NOS CURSOS SUPERIORES
O candidato deverá ter concluído o Ensino Médio até o final do período letivo de 2009, não podendo ter
dependência, para efeito de matrícula.
4. DAS INSCRIÇÕES
4.1 DO PERÍODO DE INSCRIÇÃO
a) As inscrições para o 1º Vestibular 2010 estarão abertas do dia 08/10/2009 a 17/11/2009.
b) O candidato deverá efetuar o pagamento da taxa de inscrição, através de boleto bancário impresso GRU
Simples, exclusivamente, no Banco do Brasil. O pagamento da taxa será feito em dinheiro e/ou débito em conta
corrente, que poderá ser efetuado até o dia 18/11/2009, impreterivelmente.
4.2 DO PROCEDIMENTO E DOS LOCAIS DE INSCRIÇÃO
a) A inscrição será feita pela Internet, no sítio http://www.ifmg.edu.br.
a1) Ao fazer a inscrição, o candidato deverá escolher o local em que fará as provas.
b) É de responsabilidade do candidato ou seu responsável legal o correto preenchimento on-line da ficha de
inscrição e do questionário socioeconômico e a observância de todas as informações contidas.
c) O candidato com necessidades especiais, tais como prótese metálica, prótese auditiva, marcapasso, e por
motivo grave de saúde deverá prestar informações no ato da inscrição para que as Comissões Permanentes de
Vestibulares (COPEVEs) tomem as providências cabíveis para a realização da prova no local escolhido pelo
candidato.
c1) Os documentos comprobatórios, como laudos médicos ou documentos equivalentes, devem ser
apresentados até o último dia de inscrição, pessoalmente ou por procuração registrada em cartório, para a
coordenação local da COPEVE do campus para o qual o candidato se inscreveu.
3
d) Serão disponibilizados espaços físicos nos campi para que os interessados possam efetuar sua inscrição,
sendo que esses espaços funcionarão nos dias úteis, de acordo com o horário de cada campus, conforme o quadro 07.
QUADRO 7
CAMPUS HORÁRIO INFORMAÇÕES
BAMBUÍ No campus: 7h às 11h e 13h às 17h
Na NetFor Telecomunicações Globais Ltda – Filial Bambuí: 8h às 18h
(Rua Getúlio Vargas, 173 – Centro)
(37) 343-4900
CONGONHAS
No campus: 8h às 12h e 14h às 18h
Na ADECON: 14h às 18h (Av. Júlia Kubitschek, 585 – Centro)
(31) 3731-8100
FORMIGA No campus: 7h às 11h, 13h às 17h e 19h às 20h (37) 3321-4094
GOVERNADOR
VALADARES
Na UAB – ESCOLA ESTADUAL PREFEITO JOAQUIM PEDRO
NASCIMENTO: 7h às 11h, 13h às 17h e 19h às 22h
(Rua Sete de Setembro, 2479 – Centro)
(33) 3271-6759 – ramal 6
OURO PRETO No campus: 8h às 11h e 14h às 19h (31) 3559-2168
SÃO JOÃO
EVANGELISTA
No campus: 7h às 11h e 13h às 17h (33) 3412-2910
e) Ao efetuar a inscrição para cursos superiores, o candidato deverá indicar sua opção por utilizar sua nota
do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM - 2009) e o respectivo número de inscrição.
f) O candidato poderá alterar os dados informados pela internet até o dia 17/11/2009. A partir dessa data,
não serão permitidos em hipótese alguma, alterações nos dados da inscrição.
g) Os candidatos que obtiveram a isenção da taxa de inscrição deverão utilizar o mesmo CPF para fazer a
inscrição.
4.3 DA CONFIRMAÇÃO DA INSCRIÇÃO
O candidato deverá verificar, no sítio http://www.ifmg.edu.br, entre os dias 04/10/2009 e 10/12/2009, se a sua
inscrição foi confirmada e deverá imprimir o cartão de inscrição. Caso haja algum problema, deverá entrar em
contato com a coordenação da COPEVE do campus para o qual fez a inscrição.
4.4 DA DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA
Deverá informar um documento de identificação oficial com foto: Carteira de Identidade ou Carteira de
Trabalho ou Carteira Nacional de Habilitação ou Certificado de Reservista ou Passaporte e CPF do candidato, sendo
que o documento informado deverá ser apresentado no dia da prova.
4.5 DA TAXA DE INSCRIÇÃO
A taxa de inscrição é de R$ 50,00 (cinquenta reais).
4
5. DA ESTRUTURA DO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA OS CURSOS SUPERIORES
a) Será realizada uma prova única de conhecimentos gerais com 50 questões de múltipla escolha com
quatro alternativas e uma redação.
b) Cada questão de múltipla escolha possui o valor de 2,0 pontos, e a redação, o valor de 100 pontos.
c) A nota final atribuída ao candidato será definida da seguinte forma:
• pela soma entre a nota da prova de conhecimentos gerais e a nota da redação do vestibular ou
• a soma entre a nota obtida no ENEM 2009, exceto redação, desde que ela seja maior que a nota da
prova de conhecimentos gerais, e a nota da redação do vestibular.
c1) Para efeito de distribuição das questões de conhecimentos gerais, serão considerados os seguintes
critérios, de acordo com o quadro 08.
QUADRO 8
Área de Saber Disciplina Nº de Questões
Química 6
Física 6
Biologia 6
Ciências da
Natureza e
Matemática
Matemática 7
Língua Portuguesa 5
Literatura Brasileira 5
Linguagens e
Códigos
Língua Estrangeira (Inglês) 5
História Ciências 5
Humanas
Geografia 5
d) A referência para a elaboração da prova de conhecimentos gerais será aquela preconizada nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
e) O candidato que obtiver nota zero em pelo menos uma das áreas de saber ou na redação estará
eliminado do concurso.
5.1 Para a prova de Literatura Brasileira, indica-se a leitura da seguinte obra:
RAMOS, Graciliano. VIDAS SECAS. 99 ed. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2006.
6. DA REALIZAÇÃO DAS PROVAS
6.1 Das datas e horários das provas
As provas para o Vestibular serão realizadas no dia 12 de dezembro de 2009, conforme o quadro 09:
QUADRO 9
Data Horário Provas/Áreas
Manhã – 8h às 12h
Redação
Linguagens e Códigos
12/12/2009 Tarde – 14h às 18h Ciências Humanas
Ciências da Natureza
5
6.2 As provas serão realizadas nas seguintes localidades do estado de Minas Gerais:
CAMPI: BAMBUÍ, CONGONHAS, FORMIGA, OURO PRETO, SÃO JOÃO EVANGELISTA.
DEMAIS LOCALIDADES: CACHOEIRA DO CAMPO, CAPELINHA, DIAMANTINA, GOVERNADOR VALADARES,
IPATINGA, ITABIRA, ITABIRITO, ITAMARANDIBA, ITAOBIM, LAVRAS, MARIANA, NOVO CRUZEIRO, SÃO GOTARDO.
OBS.: O ENDEREÇO COMPLETO SERÁ DISPONIBILIZADO NO COMPROVANTE DEFINITIVO DE INSCRIÇÃO
QUE PODERÁ SER CONSULTADO NO PERÍODO DE 23/11 A 05/12 DE 2009.
6.3 A realização das provas, em quaisquer localidades descritas, está condicionada à existência de, no
mínimo, 20 (vinte) candidatos efetivamente inscritos.
6.4 Caso haja necessidade de realização das provas em outra localidade, o candidato será informado
através do sítio www.ifmg.edu.br, com antecedência, do endereço em que deverá apresentar-se.
6.5 O candidato deverá comparecer ao local das provas com antecedência mínima de 30 (trinta) minutos do
horário previsto para o seu início.
6.6 Em nenhuma hipótese será permitida a entrada de candidatos após o início das provas, ficando estes
automaticamente eliminados do Vestibular.
6.7 O candidato que não comparecer às provas no dia, horário e local indicado em seu cartão de inscrição
será automaticamente eliminado do Vestibular.
6.8 No caso de motivo grave de saúde que não existisse no ato da inscrição que exija condições especiais
para fazer a prova, o candidato ou seu responsável legal deverá informar a sua necessidade à coordenação local da
COPEVE, comprovando-a através de laudo médico ou documento equivalente, até 48 horas antes do início da prova.
6.9 Durante a realização de todas as provas, será adotado o procedimento de identificação civil dos
candidatos que constará de verificação do documento de identificação e da coleta da assinatura, podendo haver o
registro da digital do candidato no cartão de respostas.
6.9.1 O candidato que se negar a ser identificado terá suas provas anuladas e, consequentemente, será
eliminado do Vestibular.
6.10 Ao IFMG reserva-se o direito de alterar o local, horário e as datas de realização das provas,
responsabilizando-se, contudo, por divulgar, em sua página eletrônica, na Internet, com a devida antecedência.
6.11 O candidato somente terá acesso ao local das provas mediante apresentação do comprovante de
inscrição e do documento de identificação com o qual fez a inscrição e estes deverão ficar disponíveis, sobre a
carteira, para os fiscais de prova de cada sala, durante todo o período de realização das provas.
6.12 O candidato deverá permanecer, no local de realização das provas, por 60 (sessenta) minutos, no
mínimo, a partir do horário de início das provas.
6.13 De acordo com a legislação vigente, não será permitido aos candidatos fumar durante a realização das
provas.
6.14 Somente será permitido ao candidato o uso de caneta esferográfica azul ou preta, lápis e borracha,
durante a realização das provas.
6.15 Durante a realização da prova é vedada ao candidato a utilização de relógio, telefone celular, pager,
beep, calculadora, controle remoto, alarme de carro ou quaisquer outros equipamentos eletrônicos, mesmo que
desligados, além de armas de qualquer natureza, sob pena de ser retirado do local e ter sua prova anulada.
6.16 É vedado também ao candidato o uso de bolsas, bonés, chapéus e similares durante a realização da
prova.
6.17 Os candidatos deverão preencher completamente a área correspondente à resposta no Cartão de
Respostas.
6
6.17.1 Os candidatos terão suas respostas anuladas se, no Cartão de Respostas, houver qualquer tipo de
marcação de duas ou mais opções ou se a marcação for insuficiente para o seu reconhecimento pelo sistema de
leitura óptica.
6.18 Em hipótese alguma será fornecido outro Cartão de Respostas.
6.19 Para preencher o Cartão de Respostas, o candidato deverá usar apenas caneta esferográfica azul ou
preta.
6.20 O candidato deverá assinar a folha de presença e o Cartão de Respostas, nas quais consta o número
de sua inscrição.
6.21 O candidato que faz uso regular de algum medicamento deverá tomar providências quanto à sua
aquisição ou porte antes do início da prova.
6.22 As COPEVEs não se responsabilizarão por perda ou extravio de bolsas, objetos, documentos ou
quaisquer materiais não autorizados nos locais das provas.
6.23 Os últimos três candidatos restantes em cada sala deverão sair juntos e assinarão a ata de aplicação da
prova.
7. DOS RECURSOS
7.1 Qualquer candidato tem o direito de impetrar recurso, no prazo de 48 horas, contados da hora de
divulgação:
7.1.1 do gabarito, contra qualquer questão que fizer parte do processo seletivo/vestibular;
7.1.2 da lista de classificação contra o somatório dos pontos.
7.2 O recurso deverá ser protocolado e encaminhado ao presidente da COPEVE do campus para o qual o
candidato se inscreveu.
7.3 O recurso deverá ser apresentado em folha separada para cada questão recorrida, com indicação do
número da questão, da resposta marcada pelo candidato e da divulgada pelas COPEVEs, com argumentação lógica
e consistente, bem como a indicação clara da bibliografia pesquisada pelo candidato referente a cada questão.
7.4 Admitir-se-á um único recurso por questão, por candidato, devidamente fundamentado, sendo que não
serão aceitos recursos coletivos.
7.5 Serão rejeitados os recursos que não estiverem devidamente fundamentados ou, ainda, aqueles que
derem entrada fora do prazo.
7.6 Se o exame dos recursos resultar em anulação de questão, o ponto a ela destinado será atribuído a
todos os candidatos, independentemente de terem recorrido.
7.7 Se houver alteração do gabarito oficial, por força de provimento de algum recurso, os cartões de
respostas serão recorrigidos de acordo com o novo gabarito.
7.8 Se houver alteração da classificação final, por força de provimento de algum recurso, ocorrerá uma
reclassificação e será considerada válida somente a classificação final retificada, quando, então, será divulgado o
resultado oficial.
7.9 Os resultados dos recursos estarão à disposição dos candidatos nas sedes das COPEVEs em cada
campus.
7
8. DA UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS DO ENEM
8.1 O IFMG aceitará a nota obtida pelo candidato na prova de conhecimentos gerais do ENEM 2009 para
substituir a nota da prova de conhecimentos gerais do Vestibular 2010/1 para acesso aos cursos superiores.
8.2 O candidato que indicar, durante a sua inscrição, o desejo de utilizar a nota do ENEM 2009, terá a sua
nota na prova de conhecimentos gerais do Vestibular 2010/1 substituída pela da prova de conhecimentos gerais do
ENEM 2009, desde que esta seja superior. Caso contrário, prevalece a nota obtida na prova de conhecimentos
gerais do vestibular 2010/1.
8.2.1 Em hipótese alguma será utilizada a nota da redação do ENEM 2009.
OBSERVAÇÃO: A NOTA DO ENEM/2009 SÓ SERÁ UTILIZADA SE FOR DIVULGADA PELO MEC/INEP
ATÉ 15 DE JANEIRO DE 2010.
9. DA CLASSIFICAÇÃO E DA ELIMINAÇÃO
9.1 A convocação dos candidatos classificados em segunda chamada será divulgada no sítio
http://www.ifmg.edu.br e nos campi de acordo com o Quadro 10.
9.2 Será eliminado do Vestibular o candidato que se encontrar em uma das situações especificadas a seguir:
a) obtiver nota zero na redação ou em uma das áreas da prova de conhecimentos gerais;
b) utilizar-se de meios fraudulentos durante a realização da prova;
c) apresentar informações falsas durante o processo de inscrição ou não conseguir comprovar as
informações por meio de documentação no ato da matrícula.
9.3 A classificação dos candidatos será feita por ordem decrescente do total de pontos obtidos no Vestibular
até o limite das vagas oferecidas no curso.
9.4 Havendo empate, será levada em conta a seguinte ordem de critérios:
• Maior nota na Redação;
• Maior nota na área de Linguagens e Códigos da prova de conhecimentos gerais;
• Maior idade.
10. DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
O resultado do Vestibular será divulgado, a partir do dia 08/01/2010, no sítio http://www.ifmg.edu.br e nos
campi do IFMG.
11. DA MATRÍCULA
11.1 Do período
a) Primeira chamada
A matrícula dos candidatos aprovados ocorrerá entre os dias 18 e 26 de janeiro de 2010, nos horários e
locais especificados no Quadro 10 deste Edital.
b) Segunda chamada
O candidato deverá ficar atento à convocação para a matrícula dos classificados em segunda chamada, caso
haja, que ocorrerá conforme especificado no quadro 10 desse Edital.
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QUADRO 10
CAMPUS HORÁRIO DIA
BAMBUÍ 7h às 11h e 13h às 17h 20 e 21/01/2010 – 1ª Chamada
25/01/ 2010 – 2ª Chamada
CONGONHAS
Na ADECON: 14h às 18h
(Av. Júlia Kubitschek, 585 – Centro)
20 a 22/01/2010 – 1ª Chamada
26 a 29/01/2010 – 2ª Chamada
FORMIGA 7h às 11h, 13h às 17h e 19h às 20h 20 a 22/01/2010 – 1ª Chamada
26 a 29/01/2010 – 2ª Chamada
GOVERNADOR
VALADARES
Na UAB – ESCOLA ESTADUAL PREFEITO
JOAQUIM PEDRO NASCIMENTO
7h às 11h, 13h às 17h e 19h às 22h
(Rua Sete de Setembro, 2479 – Centro)
20 a 22/01/2010 – 1ª Chamada
26 a 29/01/2010 – 2ª Chamada
OURO PRETO 14h às 20h 25 a 26/01/2010 – 1ª Chamada
01 a 05/02/2010 – 2ª Chamada
SÃO JOÃO EVANGELISTA 7h às 11h e 13h às 17h 18 a 22/01/2010 – 1ª Chamada
26 a 29/01/2010 – 2ª Chamada
11.2 DA DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA
a) O candidato deverá apresentar os seguintes documentos para a matrícula:
• duas fotos recentes 3x4;
• CPF próprio, original e fotocópia;
• carteira de identidade, original e fotocópia;
• certidão de nascimento ou casamento, original e fotocópia;
• documentos relativos ao serviço militar, original e fotocópia, para os maiores de 18 anos do sexo
masculino;
• título eleitoral e comprovação de ter votado na última eleição (1º e 2º turnos) ou documento oficial de
justificativa por não ter votado, original e fotocópia, para os maiores de 18 anos;
• certificado e histórico escolar, original e fotocópia, de conclusão do Ensino Médio, sem dependência.
b) Somente será aceita pelos campi a cópia do histórico escolar acompanhada do documento original, sendo
que este não será retido, em hipótese alguma.
c) O requerimento de matrícula poderá ser feito e assinado pelo próprio candidato, quando maior de 18 anos,
ou por terceiros, sendo que estes deverão apresentar procuração registrada em cartório assinada pelo candidato
com firma reconhecida e documento de identidade com foto.
d) Quando o requerimento de matrícula for feito por terceiros, a procuração ficará em poder da Diretoria de
Ensino dos campi.
e) Quando o candidato for menor de 18 anos, o requerimento de matrícula somente poderá ser assinado
pelos pais ou responsáveis legais, com apresentação de documentação comprobatória e fotocópia do documento de
identidade.
9
f) Quando o requerimento de matrícula não for feito pelos pais ou responsáveis legais, deverá ser
apresentada procuração registrada em cartório assinada por estes com firma reconhecida (ficará em poder da
Diretoria de Ensino dos campi) e documento de identidade com foto.
g) Perderá o direito à vaga o candidato convocado à matrícula que não comparecer no prazo estabelecido ou
não apresentar os documentos indicados neste edital.
h) Os candidatos não convocados em segunda chamada deverão ficar atentos para a possibilidade de
estarem presentes em futuras convocações, que serão afixadas nos campi e no sítio http://www.ifmg.edu.br.
i) No ano/semestre de ingresso do aluno novato dos campi, não será permitido o trancamento de matrícula.
12. DOS PROGRAMAS DAS DISCIPLINAS
O programa das disciplinas estará especificado no Manual do Candidato, que estará disponível no sítio
http://www.ifmg.edu.br, no sítio de cada campus e nas COPEVEs, a partir do dia 15/10/2009.
13. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
a) As disposições e instruções contidas na Ficha de Inscrição, no Comprovante de Inscrição, nos Cartões de
Respostas e nas provas do Vestibular constituem normas que passarão a integrar o presente Edital.
b) Serão incorporados a este Edital, para todos os efeitos, quaisquer editais complementares que vierem a
ser publicados pelo IFMG.
c) Após 48 (quarenta e oito) horas da publicação da lista dos aprovados, não serão concedidos recursos de
qualquer natureza ou revisão de resultados.
d) A inscrição do candidato implica aceitação de todos os termos deste Edital.
e) Os Cartões de Respostas dos candidatos serão de propriedade das COPEVEs, que darão a eles a
destinação que lhe convier, passados 30 (trinta) dias da data de divulgação do resultado final do 1º Vestibular/2010.
f) As COPEVEs não se responsabilizarão por inscrição não recebida por motivos de natureza técnica
associados a computadores, a falhas de comunicação, a congestionamento de linhas de comunicação e a quaisquer
outros motivos de ordem técnica que impossibilitem a transferência de dados para consolidação da inscrição.
g) O IFMG, no exercício da autonomia didático-científica e administrativa, poderá, no decorrer do período de
integralização de cada curso, modificar currículos, ampliar ou restringir tempo de duração dos cursos. Poderá,
também, alterar as regras das relações criadas, de acordo com a necessidade, conveniência e oportunidade, visando
à formação integral do ser humano.
h) Ao IFMG reserva-se o direito de cancelar o 1º Vestibular/2010 para o(s) curso(s) em que o número de
aprovados seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) das vagas. Em tal hipótese, o candidato poderá solicitar a
restituição do valor da taxa de inscrição.
i) Em nenhuma outra hipótese o valor da taxa de inscrição pago será restituído.
j) Atos de indisciplina praticados durante a realização das provas serão julgados pelas COPEVEs, que
poderão excluir o candidato do Vestibular, sem prejuízo de outras medidas cabíveis.
l) Os casos omissos serão resolvidos pelas COPEVEs.
Publique-se.
08 de Outubro de 2009.
Prof. Caio Mário Bueno Silva
Reitor do Instituto Federal Minas Gerais

sábado, 3 de outubro de 2009

Eu Tenho Saudades



Maria Lydia Eugenia

De tudo que marcou a minha vida...

Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,

quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,

eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,

de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades do presente,

que não aproveitei de todo,

lembrando do passado e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro, que se idealizado,

provavelmente não será do jeito

que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou

e de quem eu deixei,

de quem disse que viria e nem apareceu;

de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,

de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram

e de quem não me despedi direito;

daqueles que não tiveram como me dizer adeus;

de gente que passou na calçada contrária da minha vida

e que só enxerguei de vislumbre;

de coisas que eu tive e de outras que não tive

mas quis muito ter;

de coisas que nem sei que existiram

mas que se soubesse,

de certo gostaria de experimentar;

Sinto saudades de coisas sérias,

de coisas hilariantes, de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia

e que me amava totalmente,

como só os cães são capazes de fazer,

dos livros que li e que me fizeram viajar,

dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

das coisas que vivi e das que deixei passar,

sem curtir na totalidade;

Quantas vezes tenho vontade de encontrar

não sei o que, não sei aonde,

para resgatar alguma coisa que nem sei o que é

e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso

que poderia estar sentindo saudades

em japonês, em russo, em italiano, em inglês,

mas que minha saudade, por eu ter nascido brasileiro,

só fala português embora, lá no fundo,

possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar

sempre a língua pátria, espontaneamente,

quando estamos desesperados,

para contar dinheiro, fazer amor

e clarear sentimentos fortes,

seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples "I Miss You",

ou seja lá como possamos traduzir saudade

em outra língua, nunca terá a mesma força

e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima, corretamente,

a imensa falta que sentimos de coisas

ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...

Porque encontrei uma palavra para usar

todas as vezes em que sinto este aperto no peito,

meio nostálgico, meio gostoso,

mas que funciona melhor do que um sinal vital

quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis,

de que amamos muito do que tivemos

e lamentamos as coisas boas

que perdemos ao longo da nossa existência...

Sentir saudades, é sinal de que se está vivo e a vida,

mesmo com tantas saudades,

depois dos amigos, é o bem maior que possuímos!

sábado, 15 de agosto de 2009

A aliança



Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.

Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.

— Você não sabe o que me aconteceu!

— O quê?

— Uma coisa incrível.

— O quê?

— Contando ninguém acredita.

— Conta!

— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?

— Não.

— Olhe.

E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.

— O que aconteceu?

E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.

— Que coisa - diria a mulher, calmamente.

— Não é difícil de acreditar?

— Não. É perfeitamente possível.

— Pois é. Eu...

— SEU CRETINO!

— Meu bem...

— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.

— Mas, meu bem...

— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!

E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:

— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:

— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.

Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.

— O mais importante é que você não mentiu pra mim.

E foi tratar do jantar.

(Do livro "As mentiras que os homens contam)
Luiz Fernando Verissimo

domingo, 2 de agosto de 2009

Uma geração de filhos únicos



Ruth de Aquino

17/05/2008 - 00:02 | Edição nº 522

O que, para nós, é repressão, os chineses enxergam como proteção.
Um dos enigmas chineses é quase invisível. Está nas ruas atulhadas, nos shoppings de luxo de Xangai, na Grande Muralha nos arredores de Pequim. É a família moderna chinesa, onde uma única criança reina num universo de seis adultos: pai, mãe, avós paternos e maternos. Não existe o filho mais velho nem o caçula, muito menos o filho do meio. A cena comum de casal com filho pequeno e um carrinho de bebê não cabe na realidade. É fora da lei. Um decreto governamental do fim da década de 70 proibiu mais de um filho por família. Deixaram de nascer 400 milhões de chineses em 30 anos, o equivalente a mais de dois Brasis. Vive na China hoje 1,3 bilhão de pessoas, 20% da população mundial.

Uma geração de filhos únicos foi criada por ordem de cima, do Partido Comunista. Bom ou ruim? Todos os brasileiros, sem exceção, a quem fiz essa pergunta na China, de diplomatas a executivos, professores e jornalistas, apóiam o planejamento familiar centralizado chinês. Os estrangeiros que vivem em Pequim e Xangai podem até achar politicamente incorreto que o Estado se sobreponha a uma decisão tão particular e emocional quanto o número de filhos que um casal sonha ter. Mas o desastre demográfico e ambiental no mundo teria proporções desconhecidas se a população chinesa continuasse crescendo aos mesmos níveis de antes.

Li Xing, editora do jornal China Daily, ironiza os que acusam seu país de violar direitos humanos ao multar e punir casais que têm mais de um filho. “Direitos humanos? Reduzindo o crescimento populacional, ajudamos não só os chineses a ter uma melhor qualidade de vida. Ajudamos o planeta. É um favor à humanidade. Deviam nos agradecer.” Faz sentido.

Escrevo este texto no vôo entre Xangai e Kunming. Nesta província, de Yunnan, a sudoeste do país, vivem mais de 30 etnias minoritárias. Quando pergunto se as famílias continuam tendo apenas um filho, as respostas variam. Os chineses ricos pagam multa e se safam, dizem uns. Os ricos nem pagam multa, dizem outros; simplesmente driblam a lei por sua influência e matriculam os filhos em escolas estrangeiras. Essas crianças não seriam aceitas em escolas chinesas, por ter irmãos. Na região rural, onde vivem 800 milhões, os camponeses que tiverem uma filha podem tentar um menino pela segunda vez. O filho homem, por tradição, é quem cuida dos pais idosos.
Por ordem de cima, os chineses só podem ter um filho. E todos no país parecem concordar

Não se tem idéia de quantos milhões de meninas foram abortadas ou abandonadas por causa da lei. Nos orfanatos, quase só existem meninas. Os meninos abandonados são deficientes mentais. Uma brasileira que vive há 40 anos na China me disse: “Nós, ocidentais, erramos quando julgamos os chineses segundo nossos valores. Eles não são cristãos. Nós os achamos cruéis. Mas eles agem de acordo com as tradições deles, na linha do pragmatismo asiático. Filho homem é sinônimo de aposentadoria garantida”.

Quem trabalha para o Partido Comunista no médio escalão não tem como escapar da proibição. Precisa dar o exemplo. Em janeiro, o Partido expulsou 500 de seus membros e 395 funcionários públicos por terem violado a lei do filho único. Teme-se o retorno aos tempos em que os chineses produziam legiões de revolucionários. Nos anos 70, a média era de 5,8 filhos por mulher. Agora, é de 1,7. O problema começa a se inverter. O governo receia o envelhecimento da população e a falta de recursos para alimentar tanta gente.

O Estado é a sociedade na China. Vozes divergentes e dissidentes quase não são ouvidas. As ordens existem para ser obedecidas. O que, para nós, é repressão, os chineses enxergam como proteção. Não existe na China nosso conceito de liberdade. A massa prefere seguir um roteiro preestabelecido. E acreditar que a economia, crescendo a 10% ao ano, vai tirar todos da pobreza.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

domingo, 31 de maio de 2009

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http://advtribufin.zip.net/

Poema da Mentira

Ainda sobre a fugacidade… para ser lido de cima para baixo e de baixo para cima.



Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…

A autoria deste poema é atribuída muitas vezes a Clarice Lispector, mas aparentemente não há nenhuma informação oficial que confirme isso.

Retrato -

Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

sábado, 30 de maio de 2009

Ainda há juízes no Brasil

O lugar de um cidadão, seja ele moleiro, seja senador, é definido em lei – não diante das câmeras
Em 1745, o todo-poderoso Frederico II, rei da Prússia, manda construir, em Potsdam, nos arredores de Berlim, o famoso castelo de Sans-Souci, que ficaria pronto dois anos depois. Déspota esclarecido, amigo de escritores e artistas, exerce atração sobre sábios de várias nacionalidades, especialmente franceses. Voltaire é um dos que freqüentam sua residência.

Um de seus áulicos, porém, mais arbitrário que o governante a quem serve, ainda que sem as mesmas luzes, quer espantar para longe da vizinhança um modesto moleiro para que o pequeno empresário e seu moinho não ofendam a bela paisagem que cerca a construção. O intendente tem a seu favor a lei informal, jamais promulgada, mas vigente em tais circunstâncias, que o político brasileiro Pedro Aleixo tanto temeu quando ousou imaginar o que faria com todos os poderes do Ato Institucional n.5, não o ditador ou seus ministros, mas o guarda da esquina.

Parodiando Camões, nessas horas uma nuvem que os ares escurece/sobre nossas cabeças aparece. E tão temerosa vinha e carregada/que pôs nos corações um grande medo. Dando a entender que fala em nome do rei, a autoridade vai fazendo propostas em cima de propostas para que o moleiro se mude dali, ensejando assim a destruição do moinho. Nenhuma delas surte o efeito desejado.

O intendente passa, então, às ameaças, que entretanto não assustam o proprietário cioso de seus direitos. A querela chega aos ouvidos de Frederico II e o monarca resolve conversar com aquele homem que lhe parece tão corajoso. Pergunta-lhe qual o motivo de ele não ter medo de ninguém, nem do rei. A resposta do moleiro foi resumida em frase que se tornou célebre, depois freqüentemente invocada em situações em que o Judiciário é chamado a limitar o poder dos governantes: “Ainda há juízes em Berlim”. Ele lutaria contra o rei na Justiça.

O moleiro continuou onde estava. O episódio passou à posteridade na versão do escritor francês François Andrieux, que escreveu em versos o conto “O Moleiro de Sans-Souci”, ainda que tenha concluído com melancolia: Respeita-se um moinho, mas rouba-se uma província.

Pois no Brasil, nos tempos que vivemos, algumas frases também haverão de se tornar célebres, resumindo momentos decisivos de nossa crônica política. “Confesso que menti”, do senador José Roberto Arruda, pode vir a ser uma delas. O senador poderia, quem sabe, escrever um livro cujo título seria essa sua frase, na linha de Confesso Que Vivi, de Pablo Neruda. Regina Borges, a ex-diretora do Prodasen, escreveria outro: “Confesso que obedeci”. Falta, porém, o livro de ninguém menos que o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães, de quem seus inquisidores esperam que pronuncie a frase “Confesso que mandei”. Por enquanto, ele, exagerado em tudo, já pronunciou outra frase famosa: “Eu tenho a lista”. Depois negou e mudou-a para “Eu vi, mas rasguei a lista”.

No Congresso já foram cometidas injustiças que demoraram ou não puderam mais ser reparadas. No Judiciário é mais difícil ocorrer isso. Pode ser que culpados não sejam punidos, mas é quase impossível punir um inocente. Seria melhor que voltássemos ao óbvio: o lugar de julgar um cidadão, seja ele moleiro, seja senador, é definido em lei. E não é diante das câmeras. Pois ainda há juízes no Brasil.

Deonísio da Silva é escritor e professor universitário

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A beleza acontece quando a eternidade toca o tempo. Rubem Alves

Felicidade é discreta,

silenciosa e frágil,

como a bolha de sabão.

Vai-se muito rápido, mas sempre

se podem assoprar outras.

Vai-se muito rápido, mas sempre

se podem assoprar outras.

Quem é rico em sonhos não envelhece nunca.

Pode até ser que

morra de repente.

Mas morrerá

em pleno vôo.

O que é muito bonito.

Mas morrerá

em pleno vôo.

O que é muito bonito.

Eternidade

é o tempo quando o longe fica perto.

Não quero nem subir para os céus,

nem progredir para frente.

Quero mesmo é voltar para os lugares e os tempos que amei e perdi.

A alma é o lugar da saudade.

A alma é o lugar da saudade.

Não quero nem subir para os céus,

nem progredir para frente.

Quero mesmo é voltar para os lugares e os tempos que amei e perdi.

Velhice é quando o rio se prepara

para converter-se em mar.

Para tudo há um tempo.

Mas Deus colocou o coração do homem para além do tempo, na eternidade.

Para tudo há um tempo.

Mas Deus colocou o coração do homem para além do tempo, na eternidade.

Seremos sábios quando nos tornarmos crianças:

essa é a essência da sabedoria bíblica.

Deus é alegria.

Uma criança é alegria.

Deus e uma criança têm isso em comum:

ambos sabem que o universo

é uma caixa de brinquedos.

Deus vê o mundo

com olhos de criança.

Está sempre à procura de companheiros

para brincar.

Eu poderia ter sido jardineiro...

Como não fui, tento fazer

jardinagem como educador,

ensinando às crianças,

minhas amigas, o encanto

pela natureza.

Eu poderia ter sido jardineiro...

Como não fui, tento fazer

jardinagem como educador,

ensinando às crianças,

minhas amigas, o encanto

pela natureza.

O jardim é a face divina da nostalgia que mora em nós.


Jardins bonitos

há muitos,

mas só traz alegria o jardim que nascer dentro da gente.

Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora,

nasce a primavera do lado de dentro.


Esperança é quando, sendo inverno do lado de fora,

a despeito dele brilha o Sol de verão no lado de dentro.

Já tive medo da morte.

Hoje não tenho mais.

O que sinto é uma

enorme tristeza.

Concordo com

Mario Quintana:

"Morrer, que

me importa? (...)

O diabo é

deixar de viver."

A vida é tão boa! Não quero ir embora...

A vida, para ser bela, deve estar cercada de verdade, de bondade, de liberdade

Essas são as coisas pelas quais

vale a pena morrer.


Verdade, Bondade, Liberdade...





Texto da apresentação:

Citações da obra

“O Melhor de Rubem Alves”,

Editora Nossa Cultura

quarta-feira, 27 de maio de 2009

MUTANTES

"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento"
Deepak Chopra




Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos!
Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificados por eles.
Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente.

A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida.
A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse.

Quem está deprimido por causa da perda de um emprego projeta tristeza por toda parte no corpo - a produção de neurotransmissores por parte do cérebro reduz-se, o nível de hormônios baixa, o ciclo de sono é interrompido, os receptores neuropeptiídicos na superfície externa das células da pele tornam-se distorcidos, as plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos e até suas lágrimas contêm traços químicos diferentes das lagrimas de alegria.

Todo este perfil bioquímico será drasticamente alterado quando a pessoa encontra uma nova posição.
Isto reforça a grande necessidade de usar nossa consciência para criar os corpos que realmente desejamos.

A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido.

O processo de envelhecimento, contudo, tem que ser combatido a cada dia.
Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: "Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos."

Você quer saber como esta seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou ontem
Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje!

Ou você abre seu coração, ou algum cardiologista o fará por você!
DEEPAK CHOPRA

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O encontro

Lygia Fagundes Telles

Em redor, o vasto campo. Mergulhado em névoa branda, o verde era pálido e opaco. Contra o céu, erguiam-se os negros penhascos tão retos que pareciam recortados a faca. Espetado na ponta da pedra mais alta, o sol espiava através de uma nuvem.

"Onde, meu Deus?! - perguntava a mim mesma - Onde vi esta mesma paisagem, numa tarde assim igual?"

Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que desolação. Tudo aquilo - disso estava bem certa - era completamente inédito para mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma imagem semelhante lá nas profundezas de minha memória? Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma névoa dourada. “Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?”

Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei à boca do abismo cavado entre as pedras.

Um vapor denso subia, como um hálito daquela garganta de cujo fundo insondável, vinha um remotíssimo som de água corrente. Àquele som eu também conhecia. Fechei os olhos. “Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri em sonho estes lugares e agora os encontro, palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias coincidências teria eu antecipado aquele passeio enquanto dormia?”

Sacudi a cabeça, não, a lembrança - tão antiga quanto viva - escapava da inconsistência de um simples sonho. Ainda uma vez fixei o olhar no campo enevoado, nos penhascos enxutos. A tarde estava silenciosa e quieta. Contudo, por detrás daquele silêncio, no fundo daquela quietude eu sentia qualquer coisa de sinistro. Voltei-me para o sol que sangrava como um olho empapando de vermelho a nuvenzinha que o cobria. Invadiu-me a obscura sensação de estar próxima de um perigo. Mas que perigo era esse e em que consistia?

Dirigi-me ao bosque. E se fugisse? Seria fácil fugir, não? Meu coração se apertou, inquieto. Fácil, sem dúvida, mas eu prosseguia implacável como se não restasse mesmo outra coisa a fazer senão avançar. “Vá-se embora depressa, depressa!” - a razão ordenava enquanto uma parte do meu ser, mergulhada numa espécie de encantamento, se recusava a voltar.

Uma luz dourada filtrava-se por entre a folhagem do bosque que parecia petrificado. Não havia a menor brisa soprando por entre as folhas enrijecidas, numa tensão de expectativa.

“A expectativa está só em mim” - pensei, triturando entre os dedos uma folha avermelhada. Veio-me então a certeza absoluta de já ter feito várias vezes esse gesto enquanto pisava naquele -mesmo chão que arfava sob os meus sapatos. Enveredei por entre as árvores. - “E nunca estive aqui, nunca estive aqui” - fui repetindo a aspirar o cheiro frio da terra. Encostei-me a um tronco e por entre uma nesga da folhagem vislumbrei o céu pálido. Era como se o visse pela última vez.

“A cilada” - pensei diante de uma teia que brilhava suspensa entre dois galhos. No centro, a aranha. Aproximei-me: era uma aranha ruiva e atenta, à espera. Sacudi violentamente o galho e desfiz a teia que pendeu em farrapos. Olhei em redor, assombrada. E a teia para a qual eu caminhava, quem? quem iria desfaze-la? Lembrei-me do sol, lúcido como a aranha. Então enfurnei as mãos nos bolsos, endureci os maxilares e segui pela vereda.

“Agora vou encontrar uma pedra fendida ao meio.” E cheguei a rir, entretida com aquele estranho jogo de reconhecimento: lá estava a grande pedra golpeada, com tufos de erva brotando na raiz da fenda. “Se for agora por este lado, vou encontrar um regato.” Apressei-me. O regato estava seco mas os pedregulhos limosos indicavam que provavelmente na próxima primavera a água voltaria a correr por ali.

Apanhei um pedregulho. Não, não estava sonhando. Nem podia ter sonhado, mas em que sonho podia caber uma paisagem tão minuciosa? Restava ainda uma hipótese: e se eu estivesse sendo sonhada? Perambulava pelo sonho de alguém, mais real do que se estivesse vivendo. Por que não? Daí o fato estranhíssimo de reconhecer todos os segredos do bosque, segredos que eram apenas do conhecimento da pessoa que me captara em seu sonho. “Faço parte de um sonho alheio” - disse e espetei um espinho no dedo. Gracejava mas a verdade é que crescia minha inquietação: “se for prisioneira de um sonho, agora escapo.” Uma gota de sangue escorreu pela minha mão, a dor tão real quanto a paisagem.

Um pássaro cruzou meu caminho num vôo tumultuado. O grito que soltou foi tão dolorido que cheguei a vacilar num desfalecimento, e se fugisse? E se fugisse? Voltei-me para o caminho percorrido, labirinto sem - esperança. “Agora é tarde!” - murmurei e minha voz avivou em mim um último impulso de fuga. “Por que tarde?”

A folha que resvalou pela minha cabeça era a seca advertência que colhi no ar e fechei na mão, que eu não buscasse esclarecer o mistério, que não pedisse explicações para o absurdo daquela tarde tão inocente na sua aparência. Tinha apenas que aceitar o inexplicável até que o nó se desatasse, na hora exata.
Enveredei por entre dois carvalhos. Ia de cabeça baixa, o coração pesado mas as passadas eram enérgicas, impelida por uma energia que não sabia de onde vinha. “Agora vou encontrar uma fonte. Sentada ao lado, está uma moça.”

Ao lado da fonte, estava a moça vestida com um estranho traje de amazona. Tinha no rosto muito branco uma expressão tão ansiosa que era evidente estar à espera de alguém. Ao ouvir meus passos, animou-se para cair em seguida no maior desalento.

Aproximei-me. Ela lançou-me um olhar desinteressado e cruzou as mãos no, regaço.

- Pensei que fosse outra pessoa, estou esperando uma pessoa...

Sentei-me numa pedra verde de musgo, olhando em silêncio seu traje completamente antiquado: vestia uma jaqueta de veludo preto e uma extravagante saia rodada que lhe chegava até a ponta das botinhas de amarrar. Emergindo da gola alta da jaqueta destacava-se a gravata de renda branca, presa com um broche de ouro em forma de bandolim. Atirado no chão, aos seus pés, o chapéu de veludo com uma pluma vermelha.

Fixei-me naquela fisionomia devastada. “Já vi esta moça, mas onde foi? E quando?...” Dirigi-me a ela sem o menor constrangimento, como se a conhecesse há muitos anos.

- Você mora aqui perto?
- Em Valburgo - respondeu sem levantar a cabeça.

Mergulhara tão profundamente nos próprios pensamentos, que parecia desligada de tudo, aceitando minha presença sem nenhuma surpresa, não notando sequer o disparatado contraste de nossas roupas. Devia ter chorado. E agora ali estava numa patética exaustão, as mãos abandonadas no regaço, alguns anéis de cabelo caindo pelo rosto. Nunca criatura alguma me pareceu tão desesperada, tão tranqüilamente desesperada, se é que cabia tranqüilidade no desespero. Perdera toda a esperança e decidira resignar-se. Mas sentia-se a fragilidade naquela resignação.

- Valburgo, Valburgo... - fiquei repetindo. O nome não me era desconhecido. E não me lembrava de nenhum lugar com esse nome em toda aquela região.

- Fica logo depois do vale. Não conhece Valburgo?
- Conheço - respondi prontamente. Tinha agora a certeza de que esse lugar não existia mais.

Com um gesto indiferente, ela tentou prender o cabelo que desabava do penteado alto. Afrouxou ansiosamente o laço da gravata, como se lhe faltasse o ar. O bandolim de ouro pendeu, repuxando a renda. “Esse broche... Mas já não vi esse mesmo broche nessa mesma gravata?!”

- Eu esperava uma pessoa - disse com esforço, voltando o olhar dolorido para o cavalo preso a um tronco.
- Gustavo?

Esse nome escapou-me com tamanha espontaneidade que me assustei, era como se estivesse sempre em minha boca, aguardando aquele instante para ser dito.

- Gustavo - repetiu ela e sua voz era um eco. Gustavo.

Encarei-a. Mas por que ele não tinha vindo? “E nem virá, nunca mais. Nunca mais.”

Fixei obstinadamente o olhar naquela desconcertante personagem de um antiquíssimo álbum de retratos. Álbum que eu já folheara muitas vezes, muitas. Pressentia agora um drama com cenas entremeadas de discussões tão violentas, lágrimas. A cena esboçou-se esfamadamente nas minhas raízes, cena que culminou naquela noite das vozes. exasperadas. De homens. De inimigos. Alguém fechou as janelas da pequena sala frouxamente iluminada por um candelabro. Procurei distinguir o que diziam quando através da vidraça embaçada vi delinear-se a figura de um velho magro, de sobrecasaca preta, batendo furiosamente a mão espalmada na mesa enquanto parecia dirigir-se a uma máscara de cera que flutuava na penumbra.

Moveu-se a máscara entrando na zona de luz. Gustavo! Era Gustavo. A mão do velho continuou batendo na mesa e eu não podia me despregar dessa mão tão familiar com suas veias azuis se enroscando umas nas outras numa rede de fúria. Nos punhos de renda de sua camisa destacavam-se com uma nitidez atrozos rubis de suas abotoaduras. Um dos homens avançou. Foi Gustavo? Ou o velho? A garrucha avançou também e a cena explodiu em, meio de um clarão. Antes do negrume total vi por último as -abotoaduras brilhando irregulares como gotas de sangue.

Senti o coração confranger-se de espanto, “quem foi que atirou, quem foi?!” Apertei os nós dos dedos contra os olhos. -Era quase insuportável a violência com que o sangue me golpeava as fontes.

- Você devia voltar para casa.
- Que casa? - perguntou ela abrindo as mãos.

Olhei para suas mãos. Subi o olhar até seu rosto e fiquei sem saber o que dizer: era parecidíssima com alguém que eu conhecia tanto.

- Por que não vai procurá-lo? - lembrei-me de perguntar. Mas não esperei resposta. A verdade é que ela também suspeitava de que estava tudo acabado.

Escurecia. Uma névoa roxa - e que eu não sabia se vinha do céu ou do chão - parecia envolvê-la numa aura. Achei-a impregnada da mesma falsa calmaria da paisagem.

-Vou-me embora - disse apanhando o chapéu.

Sua voz chegou-me aos ouvidos bastante próxima. Mas singularmente longínqua. Levantei-me. Nesse instante, soprou um vento gelado com tamanha força que me vi enrolada numa verdadeira nuvem de folhas secas e poeira. A ramaria vergou num descabelamento desatinado. Verguei também tapando a cara com as mãos. Quando consegui abrir os olhos ela já estava montada. O mesmo vento que despertara o bosque, com igual violência arrancou-a daque¬la apatia: palpitava em cima do cavalo tão elétrico quanto as folhas vermelhas rodopiando em redor. Espicaçado, o animal batia com os cascos nos pedregulhos, desgrenhado, indócil. Quis retê-la..

- Há ainda uma coisa!

Ela então voltou-se para mim. A pluma vermelha de seu chapéu debatia-se como uma labareda em meio da ventania. Seus olhos eram agora dois furos na face de um tom acinzentado de pedra.

- Há ainda uma coisa - repeti agarrando as rédeas do cavalo. Ela arrancou as rédeas das minhas mãos e chicoteou o cavalo. Recuei. Aquela chicotada atingiu em cheio o mistério. Desatou-se o nó na explosão da tempestade. Meus cabelos se eriçaram. Era comigo que ela se parecia! Aquele rosto era o meu.
- Eu fui você - balbuciei. - Num outro tempo eu fui você! - quis gritar e minha voz saiu despedaçada. Tão simples tudo, por que só agora entendi?... O bosque, a aranha, o bandolim de ouro pendendo da gravata, a pluma do chapéu, aquela pluma que minhas mãos tantas vezes alisaram... E Gustavo? Estremeci. Gustavo! A saleta esfumaçada, se fez nítida. Lembrei-me do que tinha acontecido. E do que ia acontecer.
- Não! - gritei, puxando de novo as rédeas. Um raio chicoteou o bosque com a mesma força com que ela chicoteou o cavalo. Ele empinou, imenso, negro, os olhos saltados, arrancando-se das minhas mãos. Estatelada, vi-o fugir por entre as árvores.

Fui atrás. O vento me cegava. Espinhos me esfrangalhavam a roupa. Mas eu corria, corria alucinadamente na tentativa de impedir o que já sabia inevitável. Guiava-me a pluma vermelha que ora desaparecia, ora ressurgia por entre as árvores, flamejante na escuridão. Por duas vezes senti o cavalo tão próximo que poderia tocá-lo se estendesse a mão. Depois o galope foi se apagando até ficar apenas o uivo do vento.
Assim que atingi o campo, desabei de joelhos. Um relâmpago estourou e por um segundo, por um brevíssimo segundo, consegui vislumbar ao longe a pluma debatendo-se ainda. Então gritei, gritei com todas as forças que me restavam. E tapei os ouvidos para não ouvir o eco de meu grito misturar-se ao ruído pedregoso de cavalo e cavaleira se despencando no abismo.

Ratos humanos

“Numa pequena constelação de genes, está concentrado o mistério da condição humana.”

Drauzio Varella

Mulheres e homens têm apenas 30 mil genes! A divulgação desse dado pelo Projeto Genoma foi um balde de água fria no orgulho humano: imaginávamos que fossem pelo menos 100 mil.
Se as moscas têm 13 mil genes, qualquer verme, 20 mil, um abacateiro, 25 mil, e os camundongos que caçamos nas ratoeiras 30 mil, para nós, 100 mil parecia estimativa razoável. Afinal, não foi culpa nossa havermos sido criados à imagem e semelhança de Deus.
A bem da verdade, já sabíamos que mais de 98% de nossos genes são idênticos aos dos chimpanzés. Mas chimpanzés são animais políticos que formam comunidades com culturas próprias, utilizam instrumentos rudimentares e matam seus semelhantes premeditadamente. São, por assim dizer, seres mais humanos.
Admitir, no entanto, que nosso genoma é formado pelo mesmo número de genes dos ratos e que somente 300 genes são responsáveis pelas diferenças entre nós e eles constitui humilhação inaceitável.
A visão antropocêntrica, segundo a qual a vida na Terra teria evoluído dos seres unicelulares para indivíduos cada vez mais complexos até chegar ao homem, é um mau entendimento das leis da natureza. No "ranking" evolucionário, não existe primeira posição. A prova é que as bactérias foram os primeiros habitantes do planeta e não só ainda estão por aí como representam mais da metade da biomassa terrestre, isto é, se somarmos o peso de cada uma, obteremos mais da metade da massa de todos os demais seres vivos somados, incluindo árvores e elefantes.
O Homo sapiens é simplesmente uma entre milhões de espécies. Nascemos há 5 milhões de anos, um segundo evolucionário comparado aos 4 bilhões de anos das bactérias. Não fizemos nenhuma falta à vida na Terra durante praticamente toda a existência dela e, se um dia formos extintos, nenhuma formiga, cigarra ou besouro chorará a nossa ausência. A evolução continuará seu caminho inexorável de competição e seleção natural, como ensinou Charles Darwin.
Na verdade, os números do Projeto Genoma são lógicos. Os seres vivos mantêm a quase totalidade de seus genes ocupados na execução das tarefas do dia-a-dia: respiração, circulação, movimentação, digestão, excreção e produção de energia, entre outras.
Muitos desses genes são tão essenciais ao trabalho doméstico que a evolução os preservou praticamente intactos de um ser vivo para outro. Vejam o caso do gene responsável pela ubiquitina.
A ubiquitina é uma proteína envolvida no maquinário celular, encarregada de cortar outras proteínas. Dentro da célula, essa é uma função importantíssima, porque as proteínas que ficaram velhas ou saíram defeituosas precisam ser destruídas para não atrapalhar o funcionamento celular. Outras têm que ser cortadas para permitir que ocorram determinadas reações inibidas por sua presença, da mesma forma que a tampa de um tanque precisa ser retirada para que escoe a água nele contida.
Se compararmos a ubiquitina de um fungo com a da mosca da banana, com a de um verme, com a de um sapo ou com a do homem, veremos que as moléculas são praticamente iguais (daí o nome para sugerir ubiquidade). A semelhança é tanta que os biólogos interessados no mecanismo de ação da ubiquitina não são obrigados a estudá-la no homem: podem fazê-lo num fungo e transpor os resultados para a fisiologia humana.
É provável que o ancestral comum aos fungos e aos homens, que viveu há 600 milhões de anos, tenha desenvolvido um método tão eficiente de cortar proteínas que se manteve intacto durante o processo evolutivo. Os descendentes desse ancestral incapazes de produzir ubiquitina não tiveram chance na competição e desapareceram.
Como o gene da ubiquitina, grande número de outros são compartilhados por todos os seres vivos, com diferenças mínimas. Estão geralmente ligados às funções essenciais à manutenção da vida na célula. Representam soluções tão econômicas para a execução das tarefas diárias que a evolução não conseguiu imaginar outras melhores. É como o caso da existência de dois olhos na cabeça, por exemplo, estratégia adotada por todos os animais dotados de visão.
Entender a razão pela qual temos 30 mil genes como os ratos é fácil: eles são mamíferos como nós e apresentam fisiologia tão semelhante à nossa que podem ser utilizados em experiências para entender o organismo humano. O que intriga na evolução não é a proximidade genética entre as espécies, mas os genes responsáveis pelas diferenças.
Se o que nos distingue dos ratos são mesmo 300 genes, as interações entre estes e o ambiente envolvem imensa complexidade biológica. É nessa pequena constelação de genes que está concentrado o mistério da condição humana.

sábado, 23 de maio de 2009

UM DIA

Um dia descobrimos que beijar uma
pessoa para esquecer outra
é bobagem.

Você só não esquece a outra
pessoa como pensa muito
mais nela....

Um dia percebemos que as
melhores provas de amor são
as mais simples...

Um dia percebemos que o
comum não nos atrai...

Um dia saberemos que ser
classificado como o "bonzinho"
não é bom...

Um dia perceberemos que a pessoa
que nunca te liga é a que mais
pensa em você...

Um dia saberemos a importância
da frase:
"Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas..."

Um dia percebemos que somos
muito importantes para alguém,
mas não damos valor a isso...

Enfim... um dia descobrimos
que apesar de viver quase um século
esse tempo todo não é suficiente
para realizarmos todos os
nossos sonhos,

para beijarmos todas as bocas
que nos atraem, para dizer tudo
o que tem que ser dito
naquele momento.

Não existe hora certa para dizer o
que sentimos se quem estiver
te ouvindo não te compreender,
não te merecer...

O jeito é: ou nos conformamos com
a falta de algumas coisas na nossa
vida ou lutamos para realizar
todas as nossas loucuras...

Quem não compreende um olhar
tampouco compreenderá uma
longa explicação.

Mário Quintana

stand by me

Para viver um grande amor

Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.

O paraíso que eu quero

O paraíso que eu quero
Não é aquele lugar de misticismo e almas raras
É feito de um pedaço da memória
E veias que abraçam o coração

É feito das coisas que amei
Do que eu segurei em minhas mãos
Daquilo que eu conheço, e ao meu abraço
Faz rir ou faz chorar

O paraíso que eu quero tem o silêncio das rolinhas
E o canto dos Jequitibás soletrando o vento
Tem a vitalidade dos bagres
E a humildade das baleias
Ainda o marimbondo de cócoras
E abelhas sorrindo

O paraíso que eu quero
É cheio de moças e aventais
E quando chegar a primavera
Os rapazes tecerão suas guirlandas
E todos rodopiarão na embriaguês das flores

O paraíso que eu quero
Não tem luxo e nem pobreza
O espírito a tudo conduz
Com ares de nobreza

O paraíso que eu quero
Há de ter um pouco de tristeza e agonia
Eu preciso confessar meus pecados
E celebrar uma poesia

O paraíso que eu quero tem cheiro de mulher grávida
Olhos de mulher grávida, passos de mulher grávida
É grávido e eternamente grávido
Germinando as coisas sagradas

O paraíso que eu quero é feito de gente
Gente, multiplicada por gente
Tocadores de flautas e batuqueiros
Em busca de eterna harmonia
Aos olhos atentos de Deus.


Joao das Flores

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Mulher Madura

Affonso Romano de Sant'Anna


O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.

De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.

Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.

O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.

A mulher madura está pronta para algo definitivo.

Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.

A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.

Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.

(15.9.85)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

CARNAVAL OU ANIVERSÁRIO?

o estado de s. paulo


1998



Para quase todo mundo, ontem foi terça-feira de carnaval. 11 de fevereiro. Se você for olhar naquelas folhinhas antigas, vai descobrir também que é o dia de Nossa Senhora de Lourdes, a francesa.

Como se não bastasse isso, é o dia do meu aniversário. Sou devoto da virgem e do carnaval. Tive até uma micro-empresa chamada Nossa Senhora de Lourdes Produções Artísticas Ltda, que foi fechada há alguns anos pois sempre que eu ligava para o Banco e perguntava: "depositaram algum dinheiro para a Nossa Senhora de Lourdes?", invariavelmente batiam o telefone na minha cara (ou ouvido).

Quase sempre o meu aniversário cai num dos dias de carnaval. Me lembro que quando fiz 40 anos comprei quatro mesas no Clube Pinheiros e levei os mais chegados. Meus filhos, ainda pequenos, estavam na praia, me ligaram para cumprimentar e perguntaram como eu iria comemorar. Contei das mesas que tinha comprado no Pinheiros. Dias depois, ao voltarem, invadiram o meu apartamento correndo a procurar alguma coisa.

- O que vocês estão procurando?

- As mesas que você comprou no Clube Pinheiros!

Tóim!

Nunca consegui, nos meus aniversários, ouvir as músicas que eu queria. Eram sempre de carnaval. Fora aqueles amigos tarados que ligam a televisão para ver os desfiles e não dão a menor bola para o aniversariante.

E tem aqueles pentelhos que levam confete e serpentina para a sua casa. Acordar no dia seguinte é péssimo. Tem confete até dentro da orelha e serpentina no lugar do papel higiênico.

E não adianta fugir para a praia ou a montanha. O carnaval é geral. Campos do Jordão também tem Escola de Samba e a praia fica insuportavelmente insuportável.

Neste ano não foi uma boa idéia fazer 51 anos ontem. Estou escrevendo esta crônica ainda com 50, mas o barulho da festa já chegou na janela do meu quarto. Só tomando uma cachacinha mesmo.

E, desde pequenininho, ouço sempre a mesma momística desculpa:

- Olha, não deu para comprar uma lembrancinha. Sabe como é, tá tudo fechado.

No que eu retruco:

- Tive o mesmo problema. Estou com pouco uísque e salgadinhos, nem pensar!

Por essas e por outras é que o meu aniversário é sempre uma grande festa. A maior festa do País.

Como diria o Moacir Franco:

- "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí.

Não vai dar, não vai dar não?

Você vai ver a grande confusão

Que eu vou fazer bebendo até cair."

PS - só espero que ontem eu não tenha caído.

domingo, 17 de maio de 2009

Adeus Lule e Sherazai

Escutei a campainha. Duas vezes. Está bem. A curiosidade é maior do que a preguiça. Lule e Sherazai já foram correndo ver quem é. Eu vou devagar, no meu ritmo mesmo. Até porque já sei que é mais um comprador que vai chegar, olhar para o nosso “focinho”, dizer um “ele é lindinho, mas não vou ficar com ele não...” e ir embora. No máximo, vai se interessar por Lule ou por Sherazai, que ficam se exibindo de todas as formas: rolam pelo chão, pulam em cima das crianças, colocam laçinhos coloridos nas orelhas etc. Eu não faço nada disso. Nunca fiz. Acho que, para ser minha mãe e meu pai, eles têm que gostar de mim assim, do jeitinho que eu sou.

Já dá para ver daqui. É um casal do tipo “arrumadinho”. Desses que parecem certinhos e que estão à procura de um bichinho de estimação para alegrar a vida das filhas. Digo filhas porque já vi as duas figuras. Tem uma maior e uma menorzinha, mas ninguém nega que são irmãs. Daqui de onde estou vendo, elas são meio tímidas. A maior está bem afastada de Lule e Sherazai. Não está com nenhuma cara de quem vai ficar com uma delas. Vou chegar mais perto para ouvir o que estão falando:

- Sabe como é Dona Mirtes, minhas filhas estão numa fase em que acho importante conviverem com um animal de estimação, falou o pai. A mais velha tem muito medo desde pequena, já tentamos de tudo... Terapia, psicóloga, comprar outros cachorros etc., nada funcionou!

Não sou muito sentimental não, mas, de alguma forma, a cara de desespero daquele pai me tocou. Enchi o peito de ar, coloquei o melhor sorriso que pude no rosto e resolvi aparecer por lá também. Quando ia me aproximando, a mãe me deu “um balde de água fria”:

- Gostei muito desta pretinha, a Lule. Bom mesmo porque eu queria uma fêmea. Se as meninas quiserem, podemos ficar com ela!

- Olha esta outra. Não tinha visto. Qual o nome dela?, perguntou a filha mais nova quando cheguei na varanda onde estavam.

- Não é esta. É este. O nome dele é Joca. Tem apenas um mês, por isso ainda é meio desengonçadinho. Mas sua mãe já disse que prefere fêmeas. E de cores mais escuras porque sujam menos. Por que não escolhe entre Lule e Sherazai?, disse Dona Mirtes à menina.

Esta velha rabugenta está louca para se ver livre das meninas porque elas aprontam todas. Mas parece que, finalmente, a sorte resolveu sorrir para mim. A mais velha, que até agora estava escondida atrás da mãe, veio em minha direção e fez um cafuné meio desconfiado na minha cabeça. Depois olhou para mim e, como se já me conhecesse, abriu um sorriso:

- Que bonitinho! Parece uma bolinha de algodão...

- Nada de machos, disse a mãe. Eles dão muito trabalho quando estão no cio. Além disso, fazem xixi pela casa toda. Se não querem uma das fêmeas, vamos embora.

Aquela cena foi um tanto quanto ridícula, mas confesso que fiquei feliz: as duas irmãs, que usavam “marias-chiquinhas” com uns laços enormes, abriram a boca a chorar ao mesmo tempo, dizendo que queriam ficar comigo.

Minutos depois, estava eu, dentro do carro daquela família. Me colocaram sentado no banco de trás entre as duas irmãs e estavam discutindo o meu novo nome. Escolheram Binho porque foi o nome de um cachorro que o pai tinha tido quando criança. Não gostei nem desgostei. Achei estranho mudar de nome. Mas tudo bem. Vida nova, nome novo.

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*Ariane Bomgosto é escritora.

MILÍCIAS BRASILEIRAS & DESORDEM PÚBLICA

As milhares de fotos e reportagens publicadas pela mídia sobre as milícias do MST, MLST, MAB, Via Campesina etc, alertam e comprovam que grupos divisionistas estão se fortalecendo, no Brasil, com evidente propósito de desmontar e destruir a ordem democrática reconquistada, a duras penas, pelo voto popular.

Portando bandeiras cuja cor vermelha procura sinalizar a seus opositores até que ponto os membros de tais facções estão dispostos a chegar para atingir seus reais objetivos, não mais se preocupam em disfarçar a existência de um braço armado inserido na pregação de um modelo ultrapassado de reforma agrária cuja digital tem origem no início do século passado e que só continua existindo, no Brasil, pela postura revanchista de uma minoria de radicais.

Uniformizados, proferindo envelhecidas palavras de ordem, fazendo uso de invejável apoio logístico e caricaturados de trabalhadores descamisados, embora brandindo facões, foices e enxadas como se fuzis fossem (pelo andar da carruagem a troca do equipamento é apenas uma questão de tempo e financiamento), têm partido para o ataque em todo o território nacional através de saques, depredações, destruição e invasões de órgãos governamentais, empresas, centros de pesquisas, propriedades públicas e privadas, bloqueios de rodovias, ferrovias, avenidas, praças, ruas...

Agredindo outros trabalhadores, sequestrando e mantendo pessoas em cárceres privados e, atualmente, também partindo para assassinatos, tais bandos estão convictos de suas respectivas impunidades já que recebem, inclusive, substantivos repasses de recursos arrecadados através de impostos, muito embora não divulguem, amplamente, à sociedade que lhes financia, compulsoriamente, o número de seus CNPJ, se é que os possuem.

Ai daqueles que ao tentarem defender suas propriedades, familiares e empregados, cometam o desatino de enfrentá-los com armas de qualquer tipo, pois essas só eles, os invasores, podem portar.

Os contribuintes-vítimas, caso insistam em reagir aos já corriqueiros ataques criminosos, serão presos e processados por atrapalharem a desordem pública e a consolidação de um processo de convulsão social que se encontra em pleno andamento.

Seria interessante que tais milicianos fossem deitar suas falações em Cuba, país que, freqüentemente, citam como exemplo de autêntica democracia popular, para sentirem "no lombo", a resposta que levariam da nova ordem que lá se instalou e que pretende passar o apagador na antiga retórica campesina, em face dos seguidos fracassos alcançados na produtividade agrícola.

Quem sabe se contratando competentes técnicos brasileiros, os mesmos que têm sido atacados e desmoralizados, rotineiramente, pelos falsos movimentos sociais tupiniquins, o país do Caribe não venha a se tornar um grande celeiro para o seu povo?

Verdade seja dita, nem tudo dos velhos tempos continua sendo mantido. Cito, como exemplo, as caricatas barbas guerrilheiras mantidas, por décadas, pelos líderes de tais milícias, numa tentativa de associá-los, por semelhança, a seus venerados ídolos marxistas. Procedimento este, em nada diferente daquele adotado nos anos 30, em relação ao ridículo bigodinho usado por um tresloucado e famigerado ditador nazista. A única diferença entre tais discípulos sempre foi o lado da mesa que escolhiam para sentar.

No caso brasileiro, em face do grande espaço alcançado na mídia pelo episódio do "Mensalão", a esmagadora maioria dos companheiros locais tratou de cortá-las, definitivamente, para evitar constrangimentos fotográficos que os associassem a conhecidos personagens políticos indiciados naquele episódio, hoje, igualmente, ex-barbudinhos.

Tenho a firme convicção de que caso esses corriqueiros atos criminosos, acima citados, não sejam eliminados da cena brasileira, o quanto antes, nós, autores de textos críticos sobre o tema, seremos julgados, em futuro próximo, por tribunais revolucionários presididos por bem organizados candidatos ao cargo de Comissários do Povo.

Finalizo com a pergunta que não quer calar:

"Afinal, a quem interessa a existência desses organizados pelotões da desordem pública?"

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*Augusto Acioli é economista.