o estado de s. paulo
1998
Para quase todo mundo, ontem foi terça-feira de carnaval. 11 de fevereiro. Se você for olhar naquelas folhinhas antigas, vai descobrir também que é o dia de Nossa Senhora de Lourdes, a francesa.
Como se não bastasse isso, é o dia do meu aniversário. Sou devoto da virgem e do carnaval. Tive até uma micro-empresa chamada Nossa Senhora de Lourdes Produções Artísticas Ltda, que foi fechada há alguns anos pois sempre que eu ligava para o Banco e perguntava: "depositaram algum dinheiro para a Nossa Senhora de Lourdes?", invariavelmente batiam o telefone na minha cara (ou ouvido).
Quase sempre o meu aniversário cai num dos dias de carnaval. Me lembro que quando fiz 40 anos comprei quatro mesas no Clube Pinheiros e levei os mais chegados. Meus filhos, ainda pequenos, estavam na praia, me ligaram para cumprimentar e perguntaram como eu iria comemorar. Contei das mesas que tinha comprado no Pinheiros. Dias depois, ao voltarem, invadiram o meu apartamento correndo a procurar alguma coisa.
- O que vocês estão procurando?
- As mesas que você comprou no Clube Pinheiros!
Tóim!
Nunca consegui, nos meus aniversários, ouvir as músicas que eu queria. Eram sempre de carnaval. Fora aqueles amigos tarados que ligam a televisão para ver os desfiles e não dão a menor bola para o aniversariante.
E tem aqueles pentelhos que levam confete e serpentina para a sua casa. Acordar no dia seguinte é péssimo. Tem confete até dentro da orelha e serpentina no lugar do papel higiênico.
E não adianta fugir para a praia ou a montanha. O carnaval é geral. Campos do Jordão também tem Escola de Samba e a praia fica insuportavelmente insuportável.
Neste ano não foi uma boa idéia fazer 51 anos ontem. Estou escrevendo esta crônica ainda com 50, mas o barulho da festa já chegou na janela do meu quarto. Só tomando uma cachacinha mesmo.
E, desde pequenininho, ouço sempre a mesma momística desculpa:
- Olha, não deu para comprar uma lembrancinha. Sabe como é, tá tudo fechado.
No que eu retruco:
- Tive o mesmo problema. Estou com pouco uísque e salgadinhos, nem pensar!
Por essas e por outras é que o meu aniversário é sempre uma grande festa. A maior festa do País.
Como diria o Moacir Franco:
- "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí.
Não vai dar, não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair."
PS - só espero que ontem eu não tenha caído.
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