sábado, 23 de maio de 2009

O paraíso que eu quero

O paraíso que eu quero
Não é aquele lugar de misticismo e almas raras
É feito de um pedaço da memória
E veias que abraçam o coração

É feito das coisas que amei
Do que eu segurei em minhas mãos
Daquilo que eu conheço, e ao meu abraço
Faz rir ou faz chorar

O paraíso que eu quero tem o silêncio das rolinhas
E o canto dos Jequitibás soletrando o vento
Tem a vitalidade dos bagres
E a humildade das baleias
Ainda o marimbondo de cócoras
E abelhas sorrindo

O paraíso que eu quero
É cheio de moças e aventais
E quando chegar a primavera
Os rapazes tecerão suas guirlandas
E todos rodopiarão na embriaguês das flores

O paraíso que eu quero
Não tem luxo e nem pobreza
O espírito a tudo conduz
Com ares de nobreza

O paraíso que eu quero
Há de ter um pouco de tristeza e agonia
Eu preciso confessar meus pecados
E celebrar uma poesia

O paraíso que eu quero tem cheiro de mulher grávida
Olhos de mulher grávida, passos de mulher grávida
É grávido e eternamente grávido
Germinando as coisas sagradas

O paraíso que eu quero é feito de gente
Gente, multiplicada por gente
Tocadores de flautas e batuqueiros
Em busca de eterna harmonia
Aos olhos atentos de Deus.


Joao das Flores

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