sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Trabalhador pega comida do lixo e vai parar na cadeia

31/8/2012 18:45,  Por Redação, com Agência Petroleira/BdF - do Rio de Janeiro

A realidade pode ser mais dura do que a ficção. No Centro de Pesquisa da Petrobrás (Cenpes), três trabalhadores de uma empresa que presta serviços à estatal foram retirados em camburão do trabalho e processados criminalmente. Um deles, Cláudio Charles Gonçalves, de 33 anos, está desde terça-feira preso na 54º DP, em Belford Roxo. No dia seguinte seria transferido para o presídio de Bangu. O crime cometido? Tentou levar para casa um frango jogado no lixo. Eles trabalham para a firma Ultraserve, contratada pela Petrobrás e responsável por servir as refeições no restaurante do Cenpes.
A retirada dos três rapazes do seu local de trabalho em camburão, diante de todos os colegas, aconteceu no dia 19 de julho. Diogo Cardoso, 27, também processado, é um jovem magro, de olhar assustado. Ele relatou que uma de suas funções na Ultraserve é recolher os sacos de lixo para descarte. Disse que as normas da Anvisa são muito rigorosas e os frangos, depois de descongelados, quando não aproveitados na refeição, são sempre descartados, “pois não poderiam ser congelados novamente”.
Assim, teria achado um desperdício aquele descarte. Com o produto já no lixo – dois ou três frangos – achou que não haveria problema em dividir aqueles restos de comida com um amigo. Foi o que fez, dividindo o descarte com Cláudio Charles, que no momento está preso. Segundo a sua esposa, ele está muito abalado emocionalmente, “por causa da vergonha a que está sendo submetido”.
O amigo Diogo – ambos são vizinhos na localidade de Nova Aurora, em Belfort Roxo – só não foi para a cadeia esta semana, porque não estava em casa quando a polícia chegou, a mando da Ultraserve, com ordem de prisão preventiva. O que não impediu sua esposa de passar por momentos de tensão, quando a polícia adentrou pela sua casa. Aos 27 anos de idade, Diogo já tem três filhos, um deles com necessidades especiais.
O terceiro trabalhador processado criminalmente pela Ultraserve é Marcos Paulo, de 24 anos, residente numa comunidade em Caxias. Ele trabalhava em outro restaurante do Cenpes, quando foi detido. Seu crime foi tentar levar para casa, achando que dava para aproveitar, “algumas barrinhas de chocolate quebradas e amassadas e um pouco de iogurte fora da validade”.
Se hoje Marcos Paulo não está detido em Bangu, preso preventivamente como se fosse um perigoso fora da lei, é porque não estava em casa, no momento em que a polícia chegou à casa de seus pais com a ordem de prisão.
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) denunciou há cerca de um mês, em editorial publicado no jornal Surgente, o absurdo daqueles processos criminais. Na ocasião, o sindicato já exigia providências da Petrobrás contra o que considerou um abuso de autoridade e desrespeito aos trabalhadores.
Mas, na terça (28), recebe uma notícia ainda mais inusitada: é decretada a “prisão preventiva” dos trabalhadores, a pedido da Ultraserve. Em apoio às vítimas dessa arbitrariedade, o sindicato indicou um advogado para acompanhar o caso. O mais ilógico é que as leis em vigor jamais condenariam à prisão três trabalhadores de ficha limpa, por tentar levar para casa ninharias destinadas ao lixo. A prisão preventiva deveria estar reservada a bandidos perigosos que ameaçam a sociedade.
Na manhã desta quarta-feira, os trabalhadores da Ultraserve fizeram uma paralisação no Cenpes, em solidariedade aos colegas injustados. Representantes do Sindipetro-RJ se reuniram com a gerência de Recursos Humanos (RH) do Cenpes e aguardam providências. O advogado que vai defender os trabalhadores dará entrevista à TV Petroleira, ao vivo, na próxima segunda-feira, 3 de setembro, às 19 horas) – o endereço eletrônico é tvpetroleira.tv

Colonel Bogey March

Trompetterkorps der Koninklijke Marechaussee
(The Band of Her Majesty Royal Netherlands Military Police)
(Orchester der Königlich Niederländischen Militärpolizei)



“A condição humana” de Hannah Arendt


Relatório de leitura:

 “A condição humana” de Hannah Arendt

Ao começar sua obra, “A condição humana”, Hannah Arendt alerta: condição humana não é a mesma coisa que natureza humana. A condição humana diz respeito às formas de vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros tornam-se condicionados pelo próprio movimento de condicionar. Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras:
  1. Pelos nossos próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, em suma os aspectos internos do condicionamento.
  2. Pelo contexto histórico que vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os elementos externos do condicionamento.
Hannah Arendt organiza, sistematiza, a condição humana em três aspectos:
  • Labor
  • Trabalho
  • Ação
O “labor” é processo biológico necessário para a sobrevivência do indivíduo e da espécie humana. O “trabalho” é atividade de transformar coisas naturais em coisas artificias, por exemplo, retiramos madeira da árvore para construir casas, camas, armários, objetos em geral. É pertinente dizer,- ainda que sedo-, para a autora, o trabalho não é intrínseco, constitutivo, da espécie humana, em outras palavras, o trabalho não é a essência do homem. O trabalho é uma atividade que o homem impôs à sua própria espécie, ou seja, é  o resultado de um processo cultural. O trabalho não é ontológico como imaginado por Marx. Por último a “ação”. A ação é a necessidade do homem em viver entre  seus semelhantes, sua natureza é eminentemente social. O homem quando nasce precisa de cuidados, precisa aprender e apreender, para sobreviver. Qualquer criança recém nascida abandonada no mato morrerá em questão de horas. Por isso dizemos que assim como outros animais o homem é um animal doméstico, porque precisa aprender e apreender para sobreviver. A mesma coisa não acontece com aqueles animais que ao nascer já conseguem sobreviver por conta própria, sem ajuda. A qualidade da ação supõe seu caráter social ou como escreve Hannah, sua pluralidade.

Tanto ação, labor e trabalho estão relacionados com o conceito de “Vita Activa”. Para os antigos, a “Vita Activa” é ocupação, inquietude, desassossego. O homem, no sentido dado pelos gregos antigos, só é capaz de tornar-se homem quando se distancia da “vida activa” e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa. É justamente nessa visão de mundo grega que os escravos não são considerados homens. O escravo ao ocupar a maior parte de seu tempo em tarefas que visam somente à sobrevivência de si e de outros, é destituído do conceito grego de homem, mas por outro lado ele não deixa de ser humano. Portanto, dentro dessa lógica só é homem aquele que tem tempo para pensar, refletir, contemplar. Nietzsche afirma em seu “Humano, desmasiado humano”que, aquele que não reserva, pelo menos, ¾ do dia para si é um escravo. A base disso encontramos em  Sócrates: se é apenas para comer, dormir, fazer sexo, que o homem existe, então, ele não é homem, é um animal. Pois assim era visto o escravo: um animal. Um animal necessário para à formação de “homens”. É muito importante salientar que a escravidão da Grécia antiga é bem diferente da escravidão dos tempos modernos. Pois, na era moderna a escravidão é um meio de baratear a mão-de-obra, e assim, conseguir maior lucro. Na antiguidade a escravidão é um meio de permitir que alguns, por exemplos,  os filósofos, tivessem o controle do corpo, das necessidades biológicas; a temperança. Para os gregos, a escravidão, do ponto de vista de quem se beneficia dela, - os próprios filósofos da época - salva o homem de sua própria animalidade, e não lhe prende às tarefas pragmáticas. A dignidade humana só é conquistada através da vida contemplativa, reflexiva: uma vida sem compromisso com fins pragmáticos.

A religião cristã toma emprestado a concepção de mundo grega, e vulgariza a dignidade humana. Agora qualquer indivíduo pode, e deve viver, uma vida contemplativa. Enquanto na Grécia antiga a vida contemplativa era destinada aos filósofos, no cristianismo ela é destinada a todos. Essa é única forma que o cristianismo encontra para convencer os homens a rezar.

Hannah Arendt identifica três forma dicotômicas de trabalho:
  • improdutivo e produtivo
  • qualificado e não qualificado
  • intelectual e manual.
Como a intenção da autora é mostrar a fraqueza do pensamento de Karl Marx, ela diz que o conceito de trabalho usado por Marx, é  um conceito comum de sua época: trabalho é trabalho produtivo. Segundo a autora esse conceito de trabalho produtivo, isto é, trabalho que produz objetos, matéria; eclodiu das mãos dos fisiocratas. A escolha de Marx pelo uso do termo trabalho como trabalho que produz, que gera, que cria, estava em moda na época.

Com o avanço do processo de industrialização haveria de designar algum nome para todo
aquele trabalho que não estava ligado ao trabalho industrial, daí nasceu o trabalho intelectual em contraposição ao trabalho manual. Tanto um como outro, faz uso das mãos, quando colocados em prática. O intelectual precisa das mãos para escrever seu pensamento. Nesse sentido o trabalho intelectual também é trabalho manual. É dessa forma que o trabalho intelectual é integrado dentro do conceito “trabalho” da revolução industrial. A ideologia que atravessa os tempos modernos é a seguinte: Qualquer coisa que se faça tem que ser necessariamente produtivo, tudo deve ser transformado em mercadoria, ou seja, o valor de troca tem a última palavra.

Qual é o caráter objetivo implícito do conceito “força de trabalho” em Marx? Compreende que todos tem a mesma força de trabalho, até mesmo aqueles que são fisicamente mais fracos. Assim, Marx consegue formar o conceito de “valor de troca”, tempo de trabalho necessário dispendido para produzir um objeto. Necessário para quem? Para todos. Se o tempo médio da produção de um sapato é 6 horas, todos os trabalhadores devem se adequar. Marx não explica como ele consegue calcular o tempo médio abstrato, o tempo social? Portanto, ele, pressupõe que todos devem ter a mesma força de trabalho, e desconsidera as diferenças subjetivas. É obvio que uma criança não tem a mesma força de trabalho de um adulto, nem o deficiente físico terá a mesma força, sem falar nas diferenças mais minuciosas. Em suma, Marx pensava que todos devem ter a capacidade de produzir um mesmo objeto num tanto “x” de horas. E é isso que será exigido pelos proprietários dos meios de produção.

A força de trabalho é aquilo que o homem possui por natureza, só cessa com a morte. Diferente do produto, a força de trabalho não acaba quando o produto termina de ser produzido. Portanto, a força de trabalho é aquilo que Hannah Arendt entende por “labor”. “O labor não deixa atrás de si vestígio permanente”. ( 101, Arendt)
Arendt dá alguns exemplos que nos pode ajudar entender o conceito de labor. Qual é a diferença entre um pão e uma mesa? A mesa pode durar anos e o pão dura, como muito, dois dias. O trabalho é força gasta para produzir a mesa. O labor é a força dispendida para produzir o pão. Mesa: objeto material produzido para o uso cotidiano e ocupa lugar no espaço. Pão: elemento material produzido para à sobrevivência de seres vivos e não ocupa lugar no espaço, visto que durante a digestão o pão é transformado em energia do corpo.

“O que os bens de consumo são para a vida humana, os objetos de uso são para o mundo do homem”.(Arendt) O bem de consumo é o pão e o objeto de uso é a mesa. O primeiro permite a vida; o segundo é necessário aos relacionamentos humanos. Em suma, o homem se torna dependente daquilo que que produz. E para a autora, torna-se dependente é torna-se condicionado. Daí encontramos a justificativa do nome do livro: “A condição humana”. Quais são as condições que o homem se impõe e se submete para permanecer em sociedade, para viver em coletividade? Se fossemos analisar essa questão mais pormenorizadamente teriamos necessariamente de falar sobre auto-repressão do prazer, aquilo que  Freud chama de controle do superego sobre o id. Mas não podemos esquecer que o nosso fim neste trabalho é perscrutar alguns aspectos e vertentes que o trabalho tem na obra da escritora alemã.

Sendo assim, como entender uma realidade que tem como pedra de toque o que chamamos  trabalho? Para que o mundo dê curso à vida é preciso transformar o abstrato em matéria, o impalpável no papável. Isso é uma necessidade humana. Sociedades ocidentais e não-ocidentais( tribais) realizam esse processo de maneiras diferentes. Na primeira, existe o valor de troca, na segunda, não há valor de troca. A palavra trabalho é um termo, conceito, ocidental que é constitutivo do capitalismo, das sociedades ocidentalizadas. E este conceito não pode ser aplicado nas sociedades não ocidentalizadas, onde o capitalismo não existe. Portanto, não faz sentido dizer que os índios trabalham. Eles não trabalham, apenas realizam atividades.

Estamos num ponto delicado do nosso trabalho. Um ponto que é ignorado por grande parte de estudiosos das ciências. A afirmação: os índios não trabalham, não quer dizer que eles são preguiçosos, quer dizer que eles não produzem valor de troca, portanto, não realizam trabalho. Quando Marx pensa que o trabalho pode ser constitutivo do homem, ele não está usando como pressuposto o conceito valor de troca. E, é importante entender isso, porque esse foi o lugar onde ele foi mais mal interpretado. Peço que esqueçam do conceito valor de troca por um momento. Vamos imaginar aquela velha estória do homem que se encontra isolado, sozinho numa ilha. Ele quer encontrar alguma forma para sair da ilha. E para isso ele deverá construir um barco,  irá trabalhar. Antes de construir o barco o homem tem a idéia do que seja um barco, isto é, ele já viu um barco pelo contato direto. Ao ver um barco pela primeira vez, ele forma o conceito de barco. Então, imagina um barco, cria a imagem na mente, para depois construí-lo. A construção do barco dependente necessariamente do conceito  barco. Esse exercício de imaginar e depois construir é próprio do ser humano, e, é nesse sentido que Marx diz que o homem é o único animal que trabalha. O homem imagina e depois faz. Se acrescentamos o valor de troca, temos o trabalho capitalista. O trabalhador da fábrica sabe de antemão qual objeto irá produzir, sabe para que será usado. Todo objeto antes de ser construído tem sua finalidade, sua utilidade.

Nesse aspecto entre o meio(recurso usado para obter um fim) e o fim, temos a distinção entre objeto e instrumento. O instrumento é usado para produzir o objeto, por exemplo, o alicate é usado na produção de automóveis. Uma vez acabada a produção do automóvel, este serve como meio de transporte. A princípio temos o automóvel como fim, e num segundo momento temos o automóvel como meio. Ele é um fim em relação ao alicate, e depois, é um meio em relação ao homem. Se em relação ao alicate temos um objeto, em relação ao homem temos um instrumento. É nesse sentido que Arendt fala que existe um processo circular entre meio e fim, instrumento e objeto; em que todo fim se torna meio e todo meio se torna fim. Assim nos explica Hannah Arendt: “Num mundo estritamente utilitário, todos os fins tendem a ser de curta duração e a transformar-se em meios para outros fins.”(Arendt, 167)

Nenhum instrumento é produzido a bel-prazer, é produzido para atender ao tipo de objeto desejado. O que realmente importa ao empregador é o objeto final acabado, o instrumento é apenas o meio. Por isso dizemos que os meios de produção são instrumentos usados para gerar mais-valia. Usados por quem? Pelo trabalhador assalariado. Quando o assalariado não percebe que o uso que ele faz do instrumento, -seu trabalho-, gera mais- valia, dizemos que ele se encontra num estado de alienação.

Vamos voltar um pouco na distinção entre trabalho e labor. Já foi dito que o labor é trabalho gasto para produção de alimentos. Portanto, é o que mantem a saúde do indivíduo. Só assim ele poderá trabalhar. Nesse aspecto o labor é pré-requisito do trabalho. O que quer dizer isso? Não é possível, (dentro dos termos de Arendt), existir trabalho sem labor, ainda que seja possível o inverso. Ao passo que o labor produz a matéria para incorporá-la ao organismo, o trabalho a produz para que esta seja usada na produção de outros objetos e na materialização do abstrato( exemplo, colocar no papel uma idéia).
Uma outra distinção entre trabalho e labor consiste em que, enquanto o labor exige o consumo rápido ou imediato, o trabalho não. A lógica do trabalho é a durabilidade dos objetos. Sua durabilidade permite a acumulação e estoque dos objetos.

****************

É por meio da troca de produtos,-troca intermediada pelo valor de troca-, que se dá as relações humanas, visto que, durante a produção os hom@ns encontram-se isolados uns dos outros. “Sem isolamento nenhum trabalho pode ser produzido”(Arendt, 174). “Somente quando pára de trabalhar e quando o produto está acabado é que o trabalhador pode sair do isolamento”(Arendt, 174). Nesse sentido de trabalho, Arendt imaginara um trabalho industrial. Se incluímos os serviços, nem uma das afirmações anteriores se sustentam. Tendo em vista que muitos serviços são realizados no contato direto entre os hom@ns.
* Sobre o autor 
Thiago Rodrigues Braga é estudante de Ciências humanas da Universidade Federal de Goiás. Seu maior interese atravessa a antropologia, filosofia e literatura. Atualmente se preocupa em entender a ideologia da literatura ocidental. Por que toda a literatura ocidental é centrada nos autores europeus e norte-americanos enquanto os latino-americanos e africanos permanecem marginalizados? Qual a razão que explica tal negligência?

O maior escândalo de corrupção do Brasil na imprensa internacional

Ao condenar o petista Cunha e mais 4 mensaleiros, o STF deixou claro em definitivo: o mensalão existiu. Isso é uma triste verdade histórica, mas acaba de vez a falação mentirosa de Lula. O mensalão é o legado de Lula (assim está publicado no estrangeiro).
Sônia van Dijck 
guardian mensalão (Foto: Reprodução)
O diário britânico 'The Guardian', em reportagem que cita 'julgamento do século' sobre corrupção no Brasil, destaca foto do ex-ministro José Dirceu, um dos 38 réus (Foto: Reprodução)

mensalão chicago tribune (Foto: Reprodução)
O americano 'Chicago Tribune' destaca o julgamento que pode comprometer o legado do ex-presidente Lula  (Foto: Reprodução)
BBC destacou início do julgamento em sua página principal (Foto: Reprodução)BBC destacou início do julgamento em sua página principal (Foto: Reprodução)
A emissora norte-americana "CBS" aponta que o julgamento, que tem como acusados membros do partido no poder, é um sinal positivo em um país onde o serviço público sempre foi marcado por corrupção e uma certa impunidade.
Rede CBS aponta que o juhamento é um sinal positivo para o Brasil (Foto: Reprodução)Rede CBS aponta que o julgamento é um sinal positivo para o Brasil (Foto: Reprodução)
A rede norte-americana "Bloomberg" abre sua reportagem sobre o julgamento questionando se uma das figuras políticas mais poderosas do Brasil pode acabar presa, referindo-se a José Dirceu.
A rede norte-americana Bloomberg abre sua reportagem falando de José Dirceu (Foto: Reprodução)
A rede norte-americana Bloomberg abre sua reportagem falando de José Dirceu (Foto: Reprodução)

O argentino ‘La Nación’ chamou o caso de ‘julgamento do século’ e ressalta o fato de o mensalão ter ocorrido no primeiro mandato do ex-presidente Lula. O texto também aponta que o mensalão foi “um gigantesco esquema de compra de apoio político com fundos públicos, que envolveu vários altos funcionários do Partido dos Trabalhadores (PT) e afetou o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”
O argentino ‘La Nación’ chamou o caso de ‘julgamento do século’ e ressalta o fato de o mensalão ter ocorrido no primeiro mandato do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução)
O argentino ‘La Nación’ chamou o caso de ‘julgamento do século’ e ressalta o fato de o mensalão ter ocorrido no primeiro mandato do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução)

O jornal ‘La Nación’ do Paraguai apresenta uma foto de Lula na reportagem e destaca que entre os réus estão ex-ministros, ex-deputados, empresários e banqueiros. O jornal também aponta que Lula não figura entre os acusados, conseguiu ser reeleito mesmo após o escândalo e sempre negou ter conhecimento do esquema.
O jornal ‘La Nación’ do Paraguay apresenta uma foto de Lula na reportagem e destaca que entre os réus estão ex-ministros, ex-deputados, empresários e banqueiros (Foto: Reprodução)
O jornal ‘La Nación’ do Paraguai apresenta uma foto de Lula na reportagem e destaca que entre os réus estão ex-ministros, ex-deputados, empresários e banqueiros (Foto: Reprodução)

O espanhol ‘ABC’ deu destaque para uma foto de Lula e diz que o mensalão é o maior escândalo da história brasileira, sem precedentes. A publicação também aponta que o julgamento deve durar um mês e que José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, está entre os acusados.
O espanhol ‘ABC’ deu destaque para uma foto de Lula e diz que o mensalão é o maior escândalo da história brasileira (Foto: Reprodução)
O espanhol ‘ABC’ deu destaque para uma foto de Lula e diz que o mensalão é o maior escândalo da história brasileira (Foto: Reprodução)

A agência italiana ‘Ansa’ destaca que o mensalão ocorreu na era Lula e que consistia no pagamento mensal de dinheiro para alguns deputados da oposição para que eles aprovassem projetos. O jornal também destaca que José Dirceu é um dos acusados.
A agência italiana ‘Ansa’ destaca que o mensalão ocorreu na era Lula (Foto: Reprodução)
A agência italiana ‘Ansa’ destaca que o mensalão ocorreu na era Lula
 

Saúde deixa de ser gratuita para imigrantes ilegais





Espanha
31 agosto 2012
Presseurop
El País, La Razón
A partir de 1 de setembro, pelo menos 150 mil estrangeiros que não pertencem a países da UE e estão em situação irregular em Espanha verão o seu acesso aos serviços de saúde públicos muito limitados”, escreve o jornal El País, a alguns dias da entrada em vigor do decreto sobre as “medidas urgentes para garantir a manutenção do Sistema Nacional de Saúde.” A assistência médica aos imigrantes ilegais ficará limitada “às urgências, às grávidas e aos menores”, precisa o jornal.
A medida, que se inscreve num plano de austeridade do Governo, deverá fazer com que consiga poupar 500 milhões de euros por ano, segundo o executivo. Mas, El País adianta,
os cálculos mais realistas dizem que a poupança conseguida não ultrapassará metade desta soma, ou seja, mais ou menos o que deixa de ser cobrado aos países da União Europeia por  causa de uma faturação deficiente dos serviços de saúde prestados a nacionais desses países em Espanha.
Além do mais, sublinha o jornal madrileno, “esta decisão põe em causa o direito à saúde consagrado na Constituição espanhola”. Mais ainda,
a medida não só acaba com a universalidade do sistema de saúde público, mas também com a sua gratuitidade. Essas pessoas poderão ter aceso a uma plena assistência sanitária pública se subscreverem um seguro – convénios especiais com a administração de saúde – pela quantia de 60 euros por mês por pessoa entre os 17 e os 65 anos e de 155 euros no caso de maiores de 65 anos. Pouco se sabe sobre estes convénios e de como vão ser postos em prática. Não é a única nem a maior das incoerências da medida.  A incoerência suprema, que roça a desfaçatez e que é uma evidente prova do afastamento dos governantes em relação à realidade social, é pedir a pessoas sem trabalho uma quantia que está completamente fora do seu alcance poderem pagar. Quatro comunidades autónomas – Andaluzia, Canárias, país Basco e Astúrias – já se oposeram a esta disposição por considerarem que afeta a equidade e a coesão social. A restrição não só afetará a saúde dos já muito castigados imigrantes ilegais, como também do conjunto da sociedade.
Em Espanha, o sistema nacional de saúde é um dos que oferece melhores serviços e é reconhecido como tal no estrangeiro”, escreve por seu lado o jornal La Razón. “Mas”, acrescenta,
mas a sua manutenção é cara e qualquer desequilíbrio pode pô-lo em risco. Abusos como o turismo sanitário proveniente de países com piores sistemas de saúde ou simplesmente inexistentes; o consumo irresponsável de medicamentos, ou o atendimento a imigrantes ilegais que, pela sua condição, não contribuem para o pagar, são alguns desses fatores desequilibrantes a que é necessário pôr cobro. […] De facto […] todos os Estados europeus, à exceção de Espanha, aplicam normas limitativas ao aceso à saúde pública para os imigrantes ilegais. Em alguns casos, como acontece na Suécia e na Áustria, esses limites significam completa inacessibilidade. Com este género de normas procura-se um duplo objetivo: por um lado, trata-se de conter os custos sanitários, cada vez mais elevados e, por outro, mais importante, desincentivar a imigração ilegal, com as suas sequelas de exploração laboral e fraude da Segurança Social. Por isso, o governo espanhol não vai fazer nada que já não esteja a ser feito nos sistemas de assistência dos países à nossa volta. Qualquer outra consideração raia a demagogia, quando não cai completamente na manipulação política.

A Europa federal é uma quimera


31 agosto 2012
La Repubblica Roma
Vlahovic
Ao sabor das estratégias dos seus dirigentes, cada vez mais países, a começar pela Alemanha, abandonam o projeto federal. Mas isso deixa espaço para alternativas originais, como a de um Clube do Mediterrâneo ou de uma união latina, considera o decano da imprensa italiana.
O que está em jogo na Europa é muito complexo. À mesa, há apenas quatro jogadores: Mario Monti, Mario Draghi, o Bundesbank [banco federal alemão] e Angela Merkel. Cada um tem a sua estratégia e as alianças podem variar ao longo do jogo. Se o resultado for positivo, os “spreads” [diferença para as taxas sobre rendimentos de títulos da dívida alemã] em Itália e Espanha serão aliviados, as respetivas dívidas soberanas vão custar menos caras e, acima de tudo, haverá um compromisso, que o Governo Monti passará aos governantes saídos das eleições [previstas para entre novembro e abril próximos]. Esse compromisso será de alto valor para os mercados financeiros e reforçará a posição de Mario Draghi e de Angela Merkel contra os falcões do Bundesbank e as forças políticas que os apoiam.
Em 6 de setembro, o Conselho do BCE vai tomar decisões. Monti, por seu lado, deve anunciar as suas decisões, nos dias seguintes. Antes do final de setembro, o problema deverá estar definitivamente resolvido.
Mas há outro problema, bem maior, que é o do contexto político e institucional desta intervenção "não convencional" do BCE: trata-se da eventual passagem de uma confederação de governos europeus para uma Europa federada. Isso implica, por outras palavras, uma "transferência de soberania" dos governos nacionais para os órgãos federais da União Europeia. Tanto para os já existentes – que deverão, contudo, ser reformados – como para os novos organismos que poderá ser necessário criar para complementar a estrutura da UE.
Há algumas semanas, parecia que Angela Merkel se concentrava totalmente na criação da União Federal. A posição de François Hollande ainda não era clara, mas esperava-se que a França reconhecesse finalmente a necessidade desta solução num mundo globalizado. Se voltamos a falar nisso, é porque se deu, entretanto, um facto novo: o tema de uma Europa federal saiu de cena – a chanceler já não fala nisso –, limitando-se agora a questão da transferência de soberania ao “fiscal compact” [pacto fiscal] e à iminente decisão do Tribunal Constitucional alemão sobre os fundos do MEE [Mecanismo Europeu de Estabilidade]. Duvida-se até da viabilidade de uma supervisão única da UE, confiada, já não aos bancos centrais nacionais, mas ao BCE.
Em suma, trata-se de um recuo efetivo de um projeto seguramente muito difícil de pôr em prática num continente dividido por uma grande variedade de línguas, etnias e tradições, mas absolutamente necessário para que a Europa não mergulhe numa total irrelevância política. O
que explica essa retirada? E o que pode ser feito para dar o pontapé de saída de um tal projeto?
Angela Merkel percebeu provavelmente duas coisas que talvez ignorasse ou subestimasse meses antes. A primeira é que a grande maioria da opinião pública não vê com bons olhos a hegemonia política alemã numa Europa em que todos os Estados nacionais, incluindo a Alemanha, depositassem partes significativas da sua soberania. Os alemães preferem fazer bons negócios e manter a supremacia industrial e financeira sobre a Europa, mas recusam-se a exercer uma hegemonia política que envolveria responsabilidades consideráveis e uma renúncia parcial à independência nacional.
A segunda é a resistência de muitos outros países ao projeto federal, a começar pela França e os países do Norte e do Leste. Especialmente aqueles que estão fora da Zona Euro, encabeçados pelo Reino Unido e pela Polónia.
Assim, o projeto parece realmente votado ao fracasso, à parte certas cedências de soberania relacionadas com o orçamento europeu, a política fiscal, a defesa da moeda comum – a qual, se o contexto político falhar, nunca terá a força de uma moeda de reserva.
O abandono deste projeto abre, no entanto, eventuais espaços de negociação e viabiliza iniciativas de outro modo impensáveis. Permite, por exemplo, a federação dos países interessados numa Europa federal. A ameaça, em tempos exercida pela Alemanha quando se falava de moeda a duas velocidades – "nós vamos avançar e os outros que se amolem" –, pode agora voltar-se contra ela, em matéria de cedência de soberania política.
Se a Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Áustria, ou apenas os três primeiros, fundassem, ou melhor, relançassem um Clube do Mediterrâneo, com regras próprias e instituições comuns, mantendo a sua presença na União Europeia e na Zona Euro enquanto clube, em vez de Estados singulares, a reação seria forte ou mesmo muito forte. Prosseguindo com o meu exemplo: e se os países desse clube estabelecessem relações de consulta e amizade económica e política com outros países do Mediterrâneo – Argélia, Marrocos, Líbia, Egito, Israel, Turquia –, relações que já existem, mas em que não seriam os países que formam o Clube, mas o próprio, a funcionar como interlocutor único?
E se acordos semelhantes fossem feitos com a área das línguas latinas, na América Central e do Sul, principalmente com a Argentina, Brasil, Uruguai e México? A Argentina e o Brasil já manifestaram vontade de estudar e apresentar propostas deste tipo. Um Clube Mediterrâneo não poderia tomar uma iniciativa nesse sentido?
Se o interesse e a imaginação sugerir novos horizontes, não é de excluir que uma Europa federal possa arrancar. Às vezes, há que sonhar, para enfrentar a dura realidade.
Deixem-me mencionar um último ponto sobre a Europa federal. Se, mais cedo ou mais tarde, esta vier a acontecer, será necessário implementar mudanças institucionais significativas, a saber:
1. O Parlamento Europeu deverá ser eleito numa base europeia e não nacional.
2. O referendo sobre questões relevantes para a Europa deverá também ser submetido à votação dos povos europeus e não das pessoas de cada Estado.
3. A estrutura internacional da governação federal deverá ser de tipo presidencial, seguindo o modelo dos Estados Unidos da América, onde um presidente eleito nomeia o governo federal; onde o Parlamento controla as ações do governo, a nomeação de funcionários de importância
federal, as leis com impacto sobre o orçamento, despesas e receitas; onde um Tribunal Constitucional protege a Constituição Federal.
Quando o Estado tem as dimensões de um continente, e sobretudo num mundo globalizado, a democracia tem de garantir ao mesmo tempo a rapidez das decisões, a visibilidade do dirigente que representa esse continente e a participação cidadã. O fundamento dessas estruturas baseia-se na divisão de poderes. Trata-se, obviamente, de objetivos distantes, mas é preciso apresentá-los à opinião pública, para que os debata, permitindo a sua eventual aplicação.

Joaquim Barbosa - A Mentira tem perna curta

por Arthurius Maximus
O ministro Joaquim Barbosa é bem conhecido dos brasileiros. Elevado ao grau de celebridade ao humilhar publicamente o então presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, em uma das mais polêmicas audiências do tribunal. Sem papas na língua, Joaquim Barbosa disse a Mendes o que muitos brasileiros queriam dizer a respeito da arrogância e da magnânima atuação de Gilmar Mendes (sempre para o lado dos poderosos) envolvendo casos de corrupção.
Agora, o ministro volta às manchetes jogando mais uma vez no ventilador ao desmascarar o descarado complô que é ensaiado pelos ministros do STF (a maioria indicada pelo PT) para causar a prescrição dos crimes do Mensalão; transformando em uma enorme pizza mal cheirosa o processo que poderia ser um marco na moralização da política nacional e destruiria boa parte da cúpula petista, ao colocá-la atrás das grades.
Tudo começou com uma entrevista "em banho-maria" do Ricardo Lewandowski, revisor do caso. Nessa entrevista, Lewandowski deixou escapar que o processo caminhava para a prescrição porque não haveria tempo hábil para julgá-lo. Afinal de contas, o ministro Joaquim Barbosa havia tido uma série de problemas de saúde e atrasara a entrega do seu relatório sobre o caso.
Com a celeuma levantada pela imprensa, o presidente do STF – ministro Cezar Peluso – quis fazer "uma média" com a opinião pública e dar um ar de legitimidade ao complô que se anunciava. Mandou redigir um ofício instando Joaquim Barbosa a acelerar o processo e enviar os autos para análise dos seus colegas o mais rápido possível.
Malandro... Cem anos de Lapa... E frequentador do Bar Luiz... O ministro Joaquim Barbosa sentiu que era preparado um cenário para culpá-lo pela prescrição do processo e tornar palatável para a opinião pública o desastre da impunidade dos canalhas mensaleiros. Como homem que honra seu posto e de coragem de sobra, Joaquim Barbosa pegou a "perna de anão" que lhe entregaram – embrulhada para presente – jogou-a para o alto e acertou em cheio o ventilador só STF.
Com uma declaração bombástica, desmascarou todo o esquema armado para levar o processo à prescrição e inocentar a corja que se apoderou do país. Disse: "Os autos, há mais de quatro anos, estão integralmente digitalizados e disponíveis eletronicamente na base de dados do Supremo Tribunal Federal, cuja senha de acesso é fornecida diretamente pelo secretário de Tecnologia da Informação, autoridade subordinada ao presidente da Corte, mediante simples requerimento".
Ou seja, mostrou com todas as palavras que os ministros ignoraram o processo até agora simplesmente por preguiça ou por pura vontade de deixá-lo prescrever, garantindo a absolvição do pessoal. Joaquim Barbosa ainda critica "na lata" a falácia de que está "atrasado" com o processo: "Com efeito, cuidava-se inicialmente de 40 acusados de alta qualificação sob os prismas social/econômico/político, defendidos pelos mais importantes criminalistas do país, alguns deles ostentando em seus currículos a condição de ex-ocupantes de cargos de altíssimo relevo na estrutura do Estado brasileiro, e com amplo acesso à alta direção dos meios de comunicação". Continua: "Estamos diante de uma ação de natureza penal de dimensões inéditas na História desta Corte".
Não satisfeito em desmascarar o claro acerto que há para que o processo prescreva Barbosa ainda mostrou que "atrasados são os outros". O processo do Mensalão tem 40 acusados, defendidos pelos mais caros advogados do país, todos ocupantes de cargos de grande poder no Estado Brasileiro. O processo tem mais de 49 mil páginas; 233 volumes e 495 apensos. Os réus indicaram mais de 650 testemunhas de todo Brasil e até de outros países. Mesmo diante de todo esse trabalho, o ministro Joaquim Barbosa manteve o trâmite normal de trabalho no STF e ainda julgou inúmeras causas nesse período. Enquanto isso, seus colegas, com ações envolvendo dois ou três acusados e que foram iniciadas na mesma época; ainda sequer foram concluídas.(*)
Mais uma vez, "matou a cobra e mostrou o pau". Sem pudores e sem medo, Joaquim Barbosa expõe claramente quem está comprometido com os interesses dos corruptos e busca desculpas para justificar o injustificável.
Diante de tudo isso, pelo menos para mim, fica a ideia da quase certeza em relação à prescrição do caso. Nem é preciso lembrar que um dos ministros indicados por Lula, o ministro Dias Tófolli, foi colocado ali "sob medida" para esse processo. Pois, para quem não se lembra, ele foi advogado de defesa de José Dirceu.
Pelo menos, se tudo der errado, teremos visto a coragem e o desprendimento do ministro Joaquim Barbosa dar um tapa na cara dos que tentavam imputar-lhe a culpa pela prescrição. Se o processo acabar por prescrever e não condenar ninguém; o desfecho terá sido por vontade dos ministros, sendo necessário que eles arrumem outra desculpa esfarrapada para justificar a cara-de-pau.
É como minha velha mãe dizia: "Mentira tem perna curta".
 http://www.geledes.org.br/

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


 AMOR E LUZ

 Rosana Hermann


Radical assim, sim. Você gosta do que você é. Você admira quem tem as
qualidades que você também acha que tem ou gostaria de ter.

Você gosta do que lhe diz respeito, gosta das pessoas que têm seu sangue,
das que você elege, das que não ameaçam você.

Você e o mundo são assim. Todos os seres humanos são assim, racionalmente.
Na tv, concordamos com quem diz o que nós pensamos. No jornal, damos
crédito a quem escreve o que nos representa. No fundo, nós só gostamos de
nós mesmos.

Leio uma crítica do Ricardo Feltrin e adoro-a. Claro, ela reflete o que eu também
penso, tenho que gostar. Dela, a crítica, dele, o crítico.
Cada ser humano se sente o centro do mundo, vê tudo sob sua ótica e só ama a
si mesmo. Até sua falta de auto-estima prova que seu interesse é só um, ele
próprio. Egoístas. Todos somos.

E aí vem o amor.

E dá uma rasteira no nosso ego imbecil.

O amor.

Que subitamente faz com que a gente ame alguma coisa, alguém, que é um
não-eu. Não é a mamãe, nem o papai, vovó, titio, filhinho. É outra pessoa. 
De outra família, outro lugar, que tem outra história. Muitas vezes, é até de
outro sexo.

E  amamos esta pessoa sem saber como ou por quê.

Porque o amor não é verbo que a gente conjuga na primeira pessoa de forma
racional, amor é verbo que faz da gente objeto.

O amor acontece.

E só quem aprende, entende, exercita o amor sabe que sua potência, sua
imensidão.

Quem nunca amou, pode achar que sabe mas não sabe.

Amor é único, não parece com nada.

O que mais se parece com amor deve ser chocolate. Ou queijo. Quando a
gente tem vontade de comer chocolate não serve mais nada. Só chocolate mesmo.
Queijo é assim também. É uma coisa em si.

No fundo, todo mundo que vive em desamor, de forma pontual ou em longas doses
ao longo dos anos, vai ficando amargo. Depois azedo. Depois, podre.

As pessoas ruins, ácidas, infelizes, que não sentem prazer, vivem anestesiadas.
São sempre as mais ranzinzas, as mais chatas, as que alfinetam, as que ferroam
sem parar.

Não são rompantes normais da ira, é um azedume que contamina tudo, uma 
humidade triste de quem vive sem luz, onde o bolor diário da inveja cresce.

É triste, isto. Gente que vive embolorada por dentro, por falta de amor e sol.

Lamento por todas elas.

Porque se elas se lançassem ao amor, mudariam num instante.

No dia dos namorados, só posso desejar muito amor a todos.

Evidências de água em Marte: clima antigo do planeta era frio e úmido, com oceanos congelados




Por em 30.08.2011 as 13:00
Um novo estudo diz que a existência de um oceano frio antigo em Marte, cercado por geleiras, poderia explicar os minerais incomuns que compõem as planícies do norte do planeta.
Marte possui características que não podem ser explicadas pelos modelos atuais, que dizem que o planeta já foi frio e seco, ou já foi quente e úmido. Agora, as novas descobertas acrescentam elementos à ideia de que Marte foi na verdade frio e úmido.
Cientistas tentaram explicar por que a crosta inicial das planícies do norte de Marte aparentemente não tem um grupo chamado de minerais filossilicatos, quando comparada com a crosta similarmente envelhecida das terras baixas do sul do planeta. Estes minerais são comuns em sedimentos marinhos na Terra.
Para explicar isso, modelos climáticos e geoquímicos sugerem que, se um oceano norte existiu em Marte, ele teria sido congelante, perto de zero.
Além disso, as características em torno da bacia oceânica são consistentes com a presença de grandes geleiras, como trechos submarinos de detritos rochosos. Temperaturas quase congelantes e grandes geleiras impediriam a formação de filossilicatos.
“Nossas análises multidisciplinares oferecem uma explicação para a existência de um oceano no passado de Marte, consistente com a mineralogia detectada até agora por sondas orbitais”, disse o astrobiólogo Alberto Fairén.”Se houvesse oceanos em
Marte, eles eram glaciais, semelhante aos mares polares da Terra. As costas seriam circundadas por geleiras, e porções do oceano seriam cobertas de gelo”.
Existem atualmente duas ideias principais de como o clima de Marte antigo poderia ter sido. Uma delas é que era frio e seco, afirmando que vales e outras características geológicas, sugestivas de água líquida, eram, no passado, essencialmente resultados de rajadas de calor confinadas no espaço e no tempo, indicando que Marte não poderia ter sustentado oceanos.
A outra é que Marte já foi quente e úmido, o que implica que poderia ter tido lagos, mares e chuvas por longos períodos.
“Percebi a contradição entre as evidências geológicas, que apontam que a água líquida foi outrora abundante em Marte, e os modelos climáticos, que até agora não conseguem explicar condições de calor na água de Marte que a permitia ficar no estado líquido”, explicou Fairén.
Agora, os pesquisadores sugerem que Marte antigamente era úmido, mas não quente. “Marte frio e úmido parece ser uma solução adequada para esse quebra-cabeça, e um oceano glacial no norte se encaixaria perfeitamente nesse cenário frio e úmido”, disse Fairén.
Os cientistas estão em busca de provas adicionais de um oceano congelado em Marte em conjuntos de dados globais, incluindo a análise da evolução glacial e características costeiras do planeta, a procura de sinais de icebergs e modelos de baixa temperatura geoquímica.
Esta não é uma tarefa fácil, já que a evidência para o oceano em Marte está enterrada sob toneladas de materiais mais recentes, incluindo quilômetros de espessura de depósitos sedimentares e vulcânicos.[LiveScience]

http://hypescience.com/

Família está chocada, diz defesa de professora sadomasoquista

Pais e irmã de Luciana Simões estão em estado de choque desde segunda-feira
Do R7
suspeita-abusa-hg-201208Reprodução/Rede Record
Veja mais fotos dos suspeitos
Por ciúmes, a professora universitária avisou o pai da adolescente que ela mantinha um relacionamento com um homem mais velho
Publicidade
A família de Luciana Simões, professora sadomasoquista suspeita de abuso de menor, está em estado de choque desde que o caso envolvendo a educadora foi divulgado. Segundo a defesa de Luciana, os pais e a irmã mais nova da professora, que vivem em Bebedouro, a 381 km da capital paulista, foram totalmente surpreendidos com as revelações.
A professora foi presa em flagrante na última segunda-feira (27) junto com o namorado, um técnico em informática. O casal teria aliciado uma adolescente pela internet para participar de um encontro sexual. Os dois foram descobertos após o pai de uma suposta vítima desconfiar do comportamento da filha e começar a monitorar o computador da jovem. Segundo o pai, a menina acessava sites eróticos e se comunicava com o casal em sites de relacionamento.

Pai investiga

O frentista João Silva de Souza perdeu a tranquilidade ao ver a filha chegar em casa bem mais tarde do que o esperado, carregando um corpete com espartilhos em uma sacola. A sensação de que alguma coisa não estava certa aumentou ainda mais quando a professora universitária Luciana Simões ligou para a casa dele dizendo que a adolescente, de 14 anos, tinha um caso com um homem mais velho.

Leia mais notícias em São Paulo

No dia seguinte, Souza decidiu pedir as contas do emprego. Avisou o chefe que a filha estava estranha, não fazia mais nada além de ficar presa ao computador, e ele queria entender o porquê. Na noite do telefonema de Luciana, sentiu que os olhos marejados da garota, que estava ao seu lado, revelaram um pedido silencioso de ajuda. Ela tinha medo de dizer aos pais que havia se envolvido com um casal que praticava sexo sadomasoquista.

— Eu percebi que minha filha estava precisando de mim. Ela não quis falar, mas eu percebi nos olhos dela [...]. Eu tenho duas folgas por mês. Além do posto, também faço meus bicos arrumando e montando computadores. Mas eu nunca deixei de prestar atenção em cada movimento das minhas meninas. Entre o trabalho e minha filha, é claro que eu vou preferir ajudá-la.

Assista ao vídeo:



Viviane Araujo é a grande campeã da quinta temporada da Fazenda

Relembre a incrível trajetória da carioca no reality

29/08/2012 23h58 (Atualizado em 30/08/2012 01h53)
Viviane Araujo é a grande campeã da quinta temporada da Fazenda
Reprodução/Rede Record
Atriz certamente será lembrada para sempre pelos fãs do programa
Com 84% dos votos é a grande campeã da quinta temporada da Fazenda.
Na grande final, a peoa enfrentou Léo Áquilla e Felipe Folgosi. A carioca, aliás, passou por muitas dificuldades para chegar à decisão.
A atriz voltou da Roça quatro vezes, derrotando Lui Mendes, Angela Bismarchi, Robertha Portella e Nicole Bahls.
Além de ter sido a participante que mais vezes correu o risco de ser eliminada, ao lado de Nicole Bahls, Viviane também foi quem permaneceu no celeiro por mais tempo. A competidora foi para o local em cinco ocasiões, sendo que na primeira vez, a rainha de bateria ficou oito dias no depósito.
Viviane também mostrou ser uma mulher bem guerreira e venceu a Prova da Chave duas vezes. A musa do Carnaval, inclusive, ganhou a Prova da Chave de Ouro e conquistou o poder supremo. Nesta oportunidade, a beldade tomou uma decisão surpreendente e se indicou para a Roça com Léo Áquilla e Robertha Portella.
A carioca ainda se envolveu em fortes discussões com Nicole Bahls. As duas protagonizaram as maiores brigas desta edição, mas na reta final do jogo deixaram a rivalidade de lado e tiveram bons momentos juntas.
Viviane também teve alguns atritos com Simone Sampaio, mas que foram rapidamente superados. Já no quesito amizade, a confinada criou um laço belíssimo com Gretchen. Aliás, o momento em que Viviane mais se abalou emocionalmente no jogo foi quando a cantora desistiu do reality.
Após 93 dias de confinamento, Viviane volta para a cidade grande com o prêmio de R$ 2 milhões, um smartphone, um MP3, um tablet e um kit esportivo, composto por patins, skate e bicicleta.
A peoa agora entra na seleta lista de vencedores da Fazenda, ao lado de Dado Dolabella, Karina Bacchi, Daniel Bueno e Joana Machado.
Assista ao vídeo da incrível vitória de Viviane Araujo!

 

=========================

Viviane Araujo conta o que fará com o prêmio de R$ 2 milhões da Fazenda

Atriz entrou no reality pelo celeiro e saiu vencedora do programa

30/08/2012 01h23 (Atualizado em 30/08/2012 01h44)
Viviane Araujo conta o que fará com o prêmio de R$ 2 milhões da Fazenda
Reprodução/Rede Record
Atriz teve uma trajetória brilhante no reality
Em entrevista ao R7, Viviane agradeu ao público, aos fãs e a todos que votaram, principalmente os que votaram nas madrugadas.

A atriz disse acreditar que terá bastante trabalho daqui para frente e que o dinheiro do prêmio servirá para pagar algumas contas e para quitar seu apartamento. Mas, como ainda vai sobrar uma quantia considerável, espera que o montante sirva também para o seu futuro.

Ao falar das dificuldades durante o confinamento, Viviane comentou que a saudade da mãe dela, de Radamés [marido] e que as brigas não foram as piores coisas, apesar de causar grande incômodo.
Outro ponto difícil que Viviane destacou e que achou complicado foi o tamanho que as coisas mínimas tomavam dentro do confinamento.

A artista achou que venceu A Fazenda pelo jeito de ser e que pode mostrar durante o reality que é uma pessoa alegre e gosta de fazer brincadeiras.

Viviane terminou a entrevista agradecendo ao público e declarou:

— O reconhecimento, o carinho, a aceitação que eu tive do público é o meu maior presente, a minha maior vitória.
Portugal

Pouco a pouco, Angola faz o seu ninho

2 abril 2012
Visão Lisboa

Bancos, sociedades petrolíferas, meios de comunicação social, empresas de telecomunicações... aguçado pela crise, o apetite dos angolanos pelas empresas portuguesas parece insaciável. Por um lado, a falta de dinheiro, por outro, a sua abundância podem explicar esta tendência que está longe de abrandar. Mas não só.
Entram devagar, através da compra de pequenas participações no capital de uma empresa. Depois, esperam que a empresa ou algum outro acionista tenha necessidade de dinheiro, algo que não falta aos grandes investidores angolanos.
Aos poucos, vão reforçando as suas participações até conseguirem ascender a uma posição dominante, nomear administradores e assumir o poder.
A banca, símbolo inequívoco de poder e Angola tem posições significativas em vários instituições financeiras portuguesas, não é o único alvo do interesse africano. Outros setores são objeto da atenção de cada vez mais investidores, próximos do poder político angolano, concentrado no Presidente José Eduardo dos Santos, mas com estratégias próprias, menos concertadas do que possa parecer à primeira vista.
Há tomadas de posição na comunicação social, na energia e até no setor agroindustrial. Nos últimos anos, têm passado para mãos angolanas várias quintas, em quase todo o território nacional, desde o Douro até ao Algarve.
"O vinho e o azeite são produtos com uma grande procura e que atingem preços exorbitantes em Luanda. Por essa razão, alguns angolanos decidiram comprar quintas produtoras, em Portugal, e, deste modo, controlar todo o processo de um negócio garantido", diz um empresário de import-export.
O caso mais emblemático da estratégia angolana para Portugal é o BCP. Não foi muito difícil para a Sonangol comprar, em 2008, assim que estoirou a crise, 469 milhões de ações do banco, correspondentes a 9,99% do capital. No final do ano passado, a posição da petrolífera era de 12,44 por cento. Já na condição de maior acionista, tomou as rédeas da instituição bancária e substituiu a estrutura administrativa.

==================================================
 República Checa
Para quando uma Operação Mãos Limpas?
30 agosto 2012
Hospodářské noviny Praga



Ajubel
Com a crise económica, a corrupção é cada vez menos tolerada pela opinião pública checa. Uma vez que continua a mostrar-se incapaz de se reformar, a elite política corre o risco de acabar como a sua homóloga italiana, nos anos 1990. E isso teria efeitos explosivos na sociedade, considera um politólogo.
A República Checa ainda não está na mesma situação em que se encontrava a Itália nos anos 1992-1993, quando os partidos políticos do establishment se tornaram alvo do desprezo de todos. Grande parte desses partidos nunca recuperou do descrédito público que então pesou sobre eles. Um cataclismo que poderá vir a verificar-se na República Checa.
O número crescente de casos de clientelismo prova que a corrupção, os desvios de fundos e os conflitos de interesses constituem fenómenos que nada têm de acidental e são, antes, incrivelmente comuns e estruturalmente enraizados no país.
Devido aos efeitos da crise económica e financeira, o limiar de tolerância da opinião pública está a diminuir, tanto em relação a atos de corrupção como à reticência e/ou à incapacidade dos responsáveis políticos e dos funcionários de abordarem o problema com eficácia. A corrupção e as diversas formas de pilhagem dos recursos públicos são não apenas imorais como, também, constituem um verdadeiro problema político-económico: cada vez mais são consideradas como fatores que contribuem de modo significativo para a "crise da dívida", minando a competitividade da economia e ameaçando a sua prosperidade.

Responsabilidade das elites

Nesta situação, torna-se mais provável que, ao ser posta em cima da mesa a questão da responsabilidade das elites políticas – tanto no que se refere à sua participação direta na corrupção (por exemplo, através do financiamento ilegal dos partidos) como à sua posição relativamente à corrupção que toleram, encorajam ou apadrinham – venha a resultar numa crise política à italiana.
Naturalmente, a primeira pergunta que se coloca é esta: na crise moral e política que a Itália atravessou, em especial na fase aguda e explosiva (1992-1993), o que foi mais escandaloso e mais revelador do ponto de vista político? Dizer que foram "as revelações sobre práticas de corrupção extremamente difundidas, o principal resultado da cruzada anticorrupção que entrou na História com o nome de Operação Mãos Limpas ou de "Revolução dos Juízes", não é uma resposta satisfatória.
Não se tratava de uma corrupção qualquer e, sim, de uma corrupção protegida, com cobertura política e com o aval dos "pilares da democracia" (poder-se-ia igualmente utilizar a expressão "pilares de uma oligarquia demagógica"), ou seja, dos principais partidos políticos. Na origem dessas revelações estiveram organismos ativos ao nível dos processos penais, apoiados na sua cruzada anticorrupção por uma aliança informal entre diversas iniciativas promovidas por cidadãos e jornalistas de investigação.

Soluções políticas

A Justiça representou aqui um papel fundamental. Ninguém mais dispunha dos meios para encostar à parede políticos e empresários corruptos e tornar assim possíveis tais revelações públicas – escandalosas pela sua natureza. Os partidos políticos do establishment, que detinham o controlo dos poderes legislativo e executivo, eram incapazes de lançar qualquer reforma credível, a partir de dentro. O reforço da coisa pública assumiu a forma de "Revolução dos Juízes", que, pelo menos de início, foi acolhida com entusiasmo pelos órgãos de comunicação de massas e pela opinião pública.
Ficou provado que uma cruzada anticorrupção ao estilo Mãos Limpas não poderia eliminar o patrocínio político da corrupção, contando apenas com os seus próprios meios e sem dispor de aliados fiáveis em posições suficientemente sólidas, no seio das estruturas dos poderes legislativo e executivo. Trata-se, em última instância, de uma matéria eminentemente política, que exige soluções que sejam em primeiro lugar políticas e não jurídicas – por outras palavras, soluções nascidas da luta política.
A "Revolução dos Juízes" não pôde nem pode trazer tais soluções. Só uma "Revolução dos Políticos" tem esse poder, desde que inclua responsáveis que tenham uma visão a longo prazo e se preocupem com o interesse público, e que não integrem o mais rapidamente possível uma coligação oficiosa de privilegiados.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

David Nasser e Jean Manzon 20 anos depois:
O Debret da câmera

O AMAZONAS que Jean Manzon buscava era um gigante líquido, deitado ao sol, de barriga para o céu, estendendo os braços para as Guianas e o Maranhão, arrotando pororocas, vomitando rios, expelindo florestas, lentamente digeridas por seu estômago volumoso, por um aparelho digestivo imenso, a ilha de Marajó.
O FRANCÊS ingênuo e bom que eu havia conhecido a descer de um navio fugitivo, ao se engajar na aventura brasileira, sonhava em ver o Amazonas sôbre os índios de rabo de macaco. E se era verdade que havia uma tribo de selvagens brancos, descendentes de náufragos do tempo dos piratas.
CERTA vez, caminhou duas semanas dentro da floresta, sôbre um mapa imaginário, a ver se descobria uma mulher que vivia com um gorila. Não imaginem o trabalho para convencer ao jovem veterano de guerra a ausência de gorilas na Amazônia. Não podia admitir, na fantasia gaulesa, que um vale de gigantes como aquêle, um leito de mundos, não abrigasse gorilas.
O PROCESSO de abrasileiramento de Manzon foi lento, progressivo, macerado, mas brilhante. Hoje é um dos mais românticos e equilibrados brasileiros que conheço. Come o feijão-mulatinho dos caiçaras, adora uma cachacinha antes do jantar, traça uma carne-de-sol com o apetite de um jagunço, pede sempre, nas escalas pelo Norte, um sarapatel do Recôncavo - e a sua casa é tôda ela uma prece de amor ao Brasil. Rêdes bandeirantes pela varanda, lembranças de índios pelas paredes, arte barrôca de Minas Gerais pelos cantos - e um cheiro de pimenta-malagueta vindo da cozinha, onde o mestre-cuca é uma pernambucana autoritária e eficiente.
NAQUELE tempo da primeira Amazônia, êle era apenas francês, e contemplava o rio e seu universo vegetal como um francês que houvesse desembarcado de um bergantim do século XVII. Os tipos, os hábitos, as côres, tudo era um espetáculo diferente para a câmera aventureira de um dos mais fabulosos repórteres que a guerra, após a queda da França, nos havia exportado. Não podia ver um arco, uma flecha, um vaso marajoara, sem comprar. Seu quarto de hotel era um museu. Araras, urnas funerárias, bordunas, colares de dentes de onças, e até cabeças mumificadas vindas do Peru amazônico - eram a bagagem de Manzon. Com o tempo, acabou por descobrir que tudo era falso. As urnas jamais tinham sido o repositório de um índio morto, mas saíram da indústria de índios muito vivos, num bairro de Belém. Os colares azuis, verdes, amarelos, onde se penduravam caninos de hipotéticos guerreiros autóctones, não passavam de apanhados de dentes de macacos submetidos, em vida, a êsse processo extrativo altamente rendoso.
VIMOS isso - e só então começou a abrir os olhos o meu companheiro de aventuras - quando encontramos, sentado sôbre um tôco, um índio domesticado a arrancar dentes de um símio a alicate . O pobre macaco enchia a solidão com os seus gritos de pavor, estrebuchando-se nas garras daquele dentista da floresta.
A DÚVIDA se acentuou ainda mais no espírito de Manzon quando êle quis alvejar com a flecha a uma onça que espreitava a barraca - e o arco se partiu em suas mãos. A onça espiou por um minuto, espantada, aquêle homem branco, de arco partido, inteiramente à sua mercê - e voltou as costas, orgulhosa, enfiando-se no mato.
A TERCEIRA e mais grave decepção de sua aventura no mundo verde êle a teve ao consultar um índio, nos arredores de Gurupá. Queria saber em que tempo a gaiola fluvial levaria até Belterra. O índio entrou na maloca e saiu de lá com um Guia Levi.
- Nessa geringonça - disse o urubu civilizado, num português irrepreensível - os senhores demorarão algumas horas. Mas amanhã tem um Baby-Clipper da Panair.
JEAN Manzon se abrasileirou de maneira tão intensa em sua nova peregrinação amazônica, que prendeu o vale em suas imagens como se escrevesse, com as tintas da máquina privilegiada, as brasileiríssimas páginas do lusitano Ferreira de Castro ou do nacional Gastão Cruls. Passou a ver o Amazonas como um rio humano. Solidarizou-se com a miséria que antes, para êle e para o turista, para o repórter ou para o visitante, era um complemento da paisagem. Passou a ver nas aldeias de índios o aspecto trágico que sua lente não captava.
LEMBRO-ME daquela tarde em que penetramos, por um igarapé, em um núcleo de aborígines. Estavam sob as árvores, deitados, morrendo. Havia sido uma gripe, uma gripe só, levada por um caixeiro-viajante. O índio não tem resistência para as doenças civilizadas. Manzon achou aquilo sensacional. Hoje veria o quadro com os olhos do horror. E o repórter teria falecido nêle, para despertar o ser humano. Largar-se-ia, na condução que tivesse, de jipe ou de teco-teco, para buscar socorro, médicos, remédios, alimentos. Creio que o Brasil - e mais particularmente a Amazônia - civilizou êsse repórter.
ENTRISTECE-ME, no fim de nossas carreiras, o desdém com que falsos intelectuais e falsos artistas, mas sobretudo falsos brasileiros, procuram vestir de silêncio um trabalho de evangelização que êsse rapaz fêz com a câmera, como um Debret que usasse a lente, o filme, o revelador, em vez do desenho, da goma-arábica visual, da aquarela. As guerras napoleônicas nos mandaram o pintor Debret, o aluno de Louis David, numa histórica missão de arte. Outra guerra trouxe, para a história do jornalismo dêste país - e para a documentação viva, física, real, colorida de uma época - , um pintor de tintas mais reais, pois as arranca diretamente do original. Creio que só o tempo há de julgar, na sua imparcialidade, o mérito de um, como julgou o do outro. Contendo-me em ter sido, em tôda essa fase maravilhosa de nossa vida, quando, partíamos sem saber para onde, o companheiro que tornou possível essa aventura.

Nêutrons podem ter a habilidade de “escapar” para um mundo paralelo, dizem cientistas



Por em 27.08.2012 as 13:32
A teoria de que vamos tratar nesse artigo é bem legal: primeiro porque é ousada, depois (e diretamente relacionado) porque sugere a existência de um mundo paralelo, invisível para nós, onde os nêutrons podem se esconder de vez em quando.
Tudo começou com um problema para o qual a física atual não tinha resposta: o “desaparecimento” de nêutrons em experimentos científicos.
Algumas experiências recentes, feitas em temperaturas ultrafrias, exibiram um fenômeno conhecido como “perda de nêutrons”, em que, de alguma forma inexplicável, os cientistas “perdiam” de vista essas partículas subatômicas por períodos curtos de tempo (de alguns segundos a dez minutos).
Até agora, ninguém tinha uma explicação convincente para o bizarro acontecimento.
Entram em cena os físicos teóricos Zurab Berezhiani e Fabrizio Nesti, da Universidade de L’Aquila, na Itália.
Analisando os dados experimentais obtidos por outros grupos de pesquisa, eles perceberam que a taxa de perda de certos nêutrons livres muito lentos parecia depender da direção e da intensidade do campo magnético aplicado nas partículas.
No entanto, tal anomalia (o campo magnético poder afetar como os nêutrons desaparecem) também ainda não tinha explicação.
Foi quando os pesquisadores sugeriram a existência de um mundo paralelo hipotético, constituído de “partículas espelho”.
Sendo assim, cada nêutron teria um “gêmeo”, que vive nesse mundo paralelo, e a capacidade de “transitar” para esse seu espelho invisível, e voltar ao nosso mundo; ou seja, cada nêutron pode oscilar de um mundo para o outro. A probabilidade de tal transição é sensível à presença de campos magnéticos, e, graças a isso, deve poder ser detectada experimentalmente.
A interpretação dos cientistas é sujeita à condição de que a Terra possui um campo magnético “espelho” da ordem de 0,1 Gauss.
Se isso for verdade, esse campo pode ser induzido por partículas “espelho” que flutuam na nossa galáxia – o que eles acreditam ser a matéria escura. Hipoteticamente, a Terra poderia capturar essa “matéria espelho” via interações fracas entre as partículas comuns e as do mundo paralelo.
Basicamente, se Terra estiver rodeada por um campo magnético “espelho”, com uma densidade de fluxo de cerca de 0,1 Gauss, então isso facilita as oscilações dos nêutrons entre os dois mundos, como os físicos pensam ter observado com o “desaparecimento” das partículas.
Eles acreditam que a Terra construiu esse campo magnético espelho para capturar partículas dispersas flutuando através das galáxias – e essas partículas podem muito bem ser um dos componentes da ainda misteriosa matéria escura.
Ninguém ainda detectou a matéria escura, elemento previsto teoricamente na ciência. Quão legal seria se essa matéria fosse na verdade parte de um mundo paralelo, invisível a nós, e por isso tem sido tão difícil provar a sua existência?
Se essa teoria for um dia devida e cientificamente provada, poderemos dizer, oficialmente, que os mundos real e da ficção científica não são tão distantes assim.[UniverseToday, TGDaily, io9, ScienceDaily]
http://hypescience.com

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"O Mal obscuro"


Apenas dor, sem angústia

Em "O Mal obscuro", o escritor italiano Giuseppe Berto relata seu processo psicanalítico, convertendo a "gagueira do sintoma" em fluidez narrativa

JURANDIR FREIRE COSTA

O Mal Obscuro", de Giuseppe Berto, é um romance centrado na experiência psicanalítica. O livro, escrito em 1964, continua atual por dois principais motivos: primeiro pela qualidade literária; segundo por falar de psicanálise e, ainda assim, permanecer interessante. No que concerne à qualidade literária, remeto o leitor a quem é de direito, ou seja, ao posfácio de Carlo Emilio Gadda, um dos escritores que inspiraram Berto. No que concerne ao interesse psicanalítico, justifico, em seguida, minha opinião.
É difícil, muito difícil, fazer de um processo psicanalítico matéria de ficção sem que a psicanálise e a ficção percam a densidade que lhes é própria. O substrato da cura analítica é a repetição, aquilo que em nós se fecha à mudança e prende a vida à pobreza descarnada do sintoma. A literatura, ao contrário, é o que se abre ao movimento, à incessante reconstrução metafórica do sujeito e de seu mundo. Como, então, traduzir sem trair? Como fazer do pouco, muito? Berto apoiou-se em Carlo Emilio Gadda ("O Conhecimento da Dor", ed. Rocco) e em Italo Svevo ("A Consciência de Zeno", ed. Nova Fronteira) para levar a tarefa a bom termo. Conseguiu. Usou o humor contra a dor, convertendo a gagueira do sintoma em fluidez e encantamento narrativos.
O núcleo do enredo é simples. O narrador da história, depois da morte do pai e de doenças orgânicas mal diagnosticadas e mal tratadas, começou a apresentar crises agudas de ansiedade hipocondríaca, fóbica, obsessiva e depressiva. Algo assim como o que, hoje, chamaríamos de uma síndrome de pânico acompanhada de intensos componentes depressivos. Seguiu-se a corrida infrutífera por diversos tratamentos, até que lhe foi sugerido o tratamento psicanalítico. Encontrou Nicola Perroti, um analista freudiano, e, incentivado por ele, escreve "O Mal Obscuro", que denominou "o relato de minha doença".
Terminado o romance, Berto, em uma nota incluída no texto, diz: "Na época, eu não acreditava na psicanálise e temo continuar não acreditando... Porém o ponto de força psicanálise não é tanto a doutrina, mas o analista... Tive sorte de encontrar um homem extraordinariamente bom, inteligente, compreensivo, atento, afetuoso [que] me ajudou a sair sem grandes desconfortos das crises medonhas do mal e conduziu-me gradativamente a olhar dentro de mim sem medo ou vergonha do que eu pudesse encontrar ali, porque qualquer coisa que eu visse seria sempre algo pertencente ao homem".
A descrição do curso de uma análise não poderia ser mais precisa. Mas não é, como se pode pensar, um sinal verde para o infantilismo autoindulgente.
O "velhinho", como Berto apelidou Perroti, não desvelou as origens fantasiosas da culpa que o aprisionava a figura do pai morto para "absolvê-lo" dos desejos parricidas. Mostrou-lhe, o tempo todo, que a culpa tinha o tamanho de seu narcisismo. Isto é, bonzinho "ma non troppo". Compreensão, sim, mas com implicação. Entender a natureza da falta imaginária que está na raiz da culpa não isenta o sujeito de responsabilidade ética. Na base do elo culposo entre pai e filho, assinalou Perroti, estava o mesmo ganho narcísico que mantinha este último obcecado pela idéia de escrever uma "obra-prima" que nunca tinha sido "obra" e ainda menos "prima". Berto, ao renunciar à idealização de si, liberou-se da culpa massacrante e, finalmente, concluiu seu belo livro sobre "a obscuridade do mal".

Banalidade e obscuridade

Coube a Hannah Arendt revelar uma das faces mais desconcertantes do mal, sua banalidade; coube a Berto desenhar o esboço da outra face, a obscuridade. No vocabulário freudiano, a banalidade do mal, como mostrou Contardo Calligaris há mais de dez anos, é a desistência de pensar sobre o que se é e subserviência impensada ao desejo do outro.
Esta é a matriz do alheamento em relação a si e da crueldade para com o próximo.
A obscuridade, segundo Berto, é de outra ordem. Aqui, não se trata apenas de ceder irrefletidamente à sedução do outro, seja ele pai, político, cientista, guia espiritual ou qualquer outro Führer. Trata-se também de não encontrar um destinatário ao qual se possa dirigir a pergunta: é justo ou não desejar o que o outro não deseja? Berto, ao longo da vida, esforçou-se para escapar da banalidade, porém nunca se deparou com um interlocutor que bem respondesse a sua interrogação.
Rendeu-se, então, à inércia narcísica. Combateu nas guerras imperialistas na África, tornou-se fascista, foi amante, pai, roteirista de produções cinematográficas de quinta categoria etc., porque assim rezava a rotina burguesa, porque era assim que todo mundo deveria ser.
Após a crise psíquica, saiu da chave da banalidade, mas para entregar-se ao gozo com a obscuridade do mal. A neurose, diz o autor em outra passagem, nos faz oscilar continuamente entre "o desespero de jamais se curar" e a "esperança de sarar milagrosamente de um dia para o outro".
Em outros termos, o desespero resulta da percepção do mal magnificado pelo narcisismo; a esperança milagrosa, da impotência para agir correlata ao gozo masoquista com o sofrimento. Nos dois casos, a verdade sobre o desejo do sujeito é uma contrafação derivada da onipotência narcísica que bloqueia a vida criativa na angústia da repetição. É preciso, então, que um outro suporte a projeção desta oscilação, trazendo de volta a questão silenciada.
Nem desespero nem esperança A afirmação pode soar como trivial para quem não recorda o pavoroso episódio vivido por Primo Levi, quando estava no campo de concentração. Certa vez, Levi, em via de morrer de sede, pôs na boca um pequeno bloco de gelo que estava colado na janela do barracão onde estava preso. Um nazista arrancou o bloco de sua boca com uma tapa.
Levi perguntou: por quê? O nazista respondeu: "aqui não há por quê!". A situação, obviamente, é extrema. Mostra, entretanto, aquilo em que podemos nos tornar quando já não podemos perguntar "por quê?". Todas as proporções guardadas, foi o oposto disto que aconteceu no encontro do "velhinho" com Berto. No lugar do desespero e da esperança milagrosa, o analista levou o analisando a voltar a perguntar "por quê?".
Este é o primeiro e o definitivo passo de uma análise. Com ele inicia-se o trabalho de restituição da fé no que poderemos ser, pela restituição da confiança no outro disposto a sustentar o incansável "por quê" do desejo, do sentido da vida, da vontade de viver. O sintoma é a infidelidade ao desejo de duvidar, "ao desejo de por quê".
Uma vez aí, não necessitamos mais de fascismos ou de pânicos para sobreviver. Ao entendermos, como o fez Berto, que "narrar é doloroso, mas também é doloroso o silêncio", a vida deixa de ser uma "ruína sem remédio" e o mal sai das cavernas para vir à luz como "coisas que sempre pertencem ao homem". As adversidades, os maus momentos, continuarão a existir, porém o que antes paralisava agora faz andar. Ou, na elegante escrita de Berto: a dor permanece apenas dor, não se transforma mais em angústia.
Um livro excepcional, para leigos e analistas. Para analistas, sobretudo, que resistem e como! -a se tornar, pura e simplesmente, "velhinhos atentos e compreensivos", em busca de "por quês" perdidos.

[1] Jornal Folha de São Paulo, MAIS!, 19 de Junho de 2005.