quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Jovens defendem direito de não crentes a comer, beber e fumar no Ramadão

Um grupo de jovens marroquinos quer desafiar a tradição do Ramadão e criou um movimento, que designou "Masayminch" ("Nós Não Jejuamos", em Árabe marroquino), noticia a AFP.

Defensores do direito a não jejuar para os não-crentes, os promotores do grupo querem poder comer, beber e fumar em público durante o Ramadão.
"A ideia é dizer à sociedade que somos diferentes e não temos de nos esconder", disse à agência noticiosa um dos fundadores do grupo, Imad Iddine Habib, de 23 anos.
As grandes cidades de Marrocos, país onde o turismo é importante e se pratica um islão tolerante e moderado, estão cheias de bares que fecham durante o Ramadão.
Cerca de 89 por cento dos marroquinos consideram a religião como "muito importante" na sua vida, segundo um estudo recente do instituto norte-americano Pew Research Centre, e a grande maioria entende que não jejuar durante o Ramadão é um sacrilégio.
"A maior parte das pessoas ficam chocadas de ver alguém comer na rua", admite um defensor dos direitos do Homem, Omar Benjelloun.
O artigo 222 do Código Penal estipula que romper o jejum em público é passível de uma pena de prisão que pode ir até seis meses.
A este respeito, o ministro da Comunicação, Mustapha El Khalfi, do partido islamita Justiça e Desenvolvimento, que chegou ao poder no final de 2011, ocorrência inédita na história do país, garantiu que as autoridades demonstrariam "firmeza na aplicação da lei".
A imprensa relatou vários incidentes, com quatro jovens detidos e à espera de julgamento, depois de denunciados por um camponês que os viu a comer e fumar à beira da estrada, e o caso do filho de um deputado acusado de tentar atropelar um grupo de jovens, depois de estes o censurarem por estar a fumar.
Habib considera que estes são sinais da "hipocrisia" da sociedade marroquina.
"Queremos que a lei seja revogada. Não somos crentes e a sociedade não tem o direito de nos impor as suas crenças", argumentou.
Entretanto, alguns liberais, que receiam a imposição de novas restrições e querem mais liberdades, consideram que estes jovens estão a ir por caminhos perigosos.
Benjelloun afirma que ao agir da forma que estão a fazer, o grupo "não serve a causa da modernidade e da laicidade" e que "estão a dar um presente aos seus inimigos".
Outros entendem que há combates mais importantes a fazer em Marrocos, como a luta contra a pobreza.
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