Tony Bellotto
Wafa Younis é a regente de uma orquestra de jovens de um campo de refugiados na Cisjordânia. Cordas da Liberdade é o nome da orquestra. Wafa ama a música e acredita que a arte está acima de interesses políticos e mundanos. Wafa organizou uma apresentação de sua orquestra para um grupo de sobreviventes do holocausto em Israel. Autoridades palestinas interpretaram a atitude de Wafa como política e a acusaram de explorar as crianças ao submetê-las a um ato político.
Em represália a orquestra de Wafa foi desmembrada. De agora em diante Wafa está proibida de participar de qualquer atividade. Ela está impedida de entrar no campo e o apartamento onde ensinava música aos jovens foi isolado. Os palestinos temem que o reconhecimento do holocausto - o genocídio sistemático de judeus durante a segunda guerra mundial - enfraqueça a oposição a Israel.
Adnan Hindi, líder de um comitê popular do campo de Jenin, afirmou: "O holocausto aconteceu, mas nós estamos enfrentando um massacre parecido nas mãos dos próprios judeus. Perdemos nossa terra, fomos obrigados a fugir, e passamos os últimos 50 anos em campos de refugiados". O que Hindi quer, em primeiro lugar, é que os palestinos reconheçam suas próprias desgraças.
Wafa Younis, surpresa com a repercussão do caso, declarou que sua intenção era apenas fazer música. "Não fizemos nada de errado", disse. Na apresentação, grande parte dos sobreviventes do holocausto não sabia que os jovens músicos eram palestinos. Os jovens, de sua parte, também desconheciam que tocavam para sobreviventes do nazismo. Muitos deles sequer sabem o que foi o holocausto. Mas a música uniu e emocionou - ainda que por um tempo muito breve - jovens e velhos que ali eram apenas seres humanos.
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