sábado, 7 de julho de 2012

COMPLICAÇÃO ENTRE LOS HERMANOS



Joelmir Beting




Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil no mundo e maior na América Latina, é, "também o país que tem dado ao governo federal e aos exportadores brasileiros mais dores de cabeça". É o que diz a reportagem especial da edição de julho de Conjuntura Econômica.

No ano passado, a Argentina comprou US$ 22,7 bi em produtos brasileiros - principal motivo para o governo Cristina Kirchner impor diversos embargos comerciais, afetando as indústrias brasileiras, além das argentinas, importadoras de componentes e peças, por exemplo.

Com o aumento desses entraves, ao longo dos últimos dois anos, o Brasil reagiu e passou a impor também restrições, estabelecendo-se um cenário fechado em que o provável vencedor será a China, país para o qual se desviará o comércio embargado nas fronteiras sul-americanas.

"O Brasil, infelizmente, está copiando a Argentina, o país número 1 em adotar barreiras e medidas protecionistas", avalia José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB. "Isso apenas gera insegurança no exercício internacional", completa. E Ricardo Markwald, diretor da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), alerta para a necessidade de conter o protecionismo argentino para preservar o Mercosul, pois "não interessa aos demais membros do Mercosul se somar ao grau exacerbado de protecionismo. Embora o Brasil também tenha mostrado certo aumento do protecionismo, é importante não são se contagiar e colocar limites no 'discricionarismo' argentino".

Não bastasse esse problema, o bloco também sofre agora com a crise política criada com a suspensão temporária do Paraguai no Mercosul e a entrada da Venezuela. Para os analistas, "os conceitos político e social têm pesado mais que o econômico nas discussões do grupo".

"O Mercosul não deve ser uma plataforma política e social como está sendo transformada hoje", diz o ex-embaixador Rubens Barbosa, lembrando o objetivo inicial do bloco, "a liberalização do comércio, gradualmente com a área de livre comércio, depois com uma união aduaneira e, numa última etapa, com um mercado comum. Hoje, o Mercosul se transformou totalmente e a área comercial está totalmente paralisada".

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