Entenda com mapas a crise na Ucrânia
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Ex-república soviética é estratégica por ser rota de gasodutos que abastecem Europa e por ter península com base naval russa
O Parlamento regional da Crimeia, uma república autônoma da Ucrânia que ocupa uma península no sul do país, aprovou nesta quinta-feira uma moção em que pede à Federação Russa que a região passe a fazer parte do país.
De acordo com os parlamentares, se o pedido for aceito pelas autoridades de Moscou, a separação da Ucrânia será colocada em votação em um referendo em 16 de março.
A Crimeia, cuja maioria da população é russa ou de origem russa, está no centro da tensão entre Moscou e Kiev. Tropas pró-Rússia mantêm o controle sobre a península há vários dias.
O governo provisório da Ucrânia não reconhece o governo da Crimeia, que foi empossado em uma sessão de emergência no Parlamento no mês passado. O primeiro-ministro interino em Kiev, Arseniy Yatsenyuk, disse que seria inconstitucional a Crimeia se juntar à Rússia. O argumento é que o Parlamento da Crimeia não tem poderes para determinar a secessão.
Veja imagens da presença militar russa na Crimeia, Ucrânia:
Comboio de caminhões brancos com ajuda humanitária deixa Alabino, nos arredores de Moscou, Rússia (12/08). Foto: AP
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Por sua vez, o vice-primeiro-ministro da Crimeia, Rustam Temirgaliev, disse que as autoridades no poder em Kiev não são legítimas e descartou a alegação de inconstitucionalidade.
No leste da Ucrânia, onde há uma significativa população russa, o líder dos ativistas pró-Rússia da cidade de Donetsk, Pavel Gubarev, foi detido por forças de segurança ucranianas no momento em que dava uma entrevista à BBC. Donetsk tem sido palco de confrontos entre forças pró e contrárias à Rússia nos últimos dias.
Os desdobramentos na Ucrânia aconteceram no mesmo dia em que representantes da União Europeia (UE) e ucranianos estão reunidos em Bruxelas para uma reunião de emergência em que discutem a situação na ex-república soviética.
A crise começou em novembro de 2013, quando o governo do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych anunciou que havia abandonado um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. Posteriormente o governo procurou uma aproximação maior com a Rússia.
Manifestantes contrários ao governo, que lutavam pelo fortalecimento das ligações da Ucrânia com a UE, exigiram a renúncia de Yanukovych e eleições antecipadas. Por meio de uma série de mapas, a BBC explica a seguir os principais pontos da crise na Ucrânia.
Importância estratégica
A maioria da região da Crimeia habitada por moradores falantes de russo tem grande importância política e estratégica para a Rússia e para a Ucrânia.
A esquadra russa no Mar Negro tem sua base histórica na cidade de Sevastopol. Depois que a Ucrânia se tornou independente, um contrato foi elaborado para que a frota continuasse a operar de lá.
Em 2010, esse comtrato foi extendido para 2024 em troca de suprimentos mais baratos de gás russo para a Ucrânia.
Papel central de Kiev
Houve diversos protestos pelo país, mas o coração do movimento se estabeleceu na praça da Independência em Kiev e lá permaneceu por três meses. Apesar de pacífico na maior parte do tempo, ataques de violência deixaram centenas de feridos e mais de 80 mortos.
Quando a violência sofreu uma escalada, o Parlamento ucraniano votou pela deposição do presidente Yanukovych, e ele fugiu para a Rússia.
Ucrânia dividida
O russo é falado abertamente em partes do leste e do sul. Em algumas áreas, incluindo a Península da Crimeia, ele é o idioma mais usado. Em regiões ocidentais – próximas à Europa – o ucraniano é a língua principal e muitas pessoas se identificam com a Europa central.
Essa divisão normalmente se reflete nas eleições do país. As áreas com grandes proporções de falantes de russo são aquelas nas quais Yanukovych foi mais votado em 2010.
UE e Rússia
A Ucrânia tem laços econômicos com a União Europeia e com a Rússia. Os gasodutos russos para a Europa passam pelo país – fato que ficou bastante claro em 2006, quando Moscou cortou brevemente o fornecimento de gás, soando um alarme na Europa ocidental.
As ações recentes para chegar a um acordo com a UE aumentaram a tensão com a Rússia, que as entendem como um passo em direção à integração à UE. A Rússia preferiria interromper essa integração com os europeus para aumentar a influência de Moscou sobre a Ucrânia por meio de uma união aduaneira.
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