CARTAS DO INVISÍVEL
Rio, 30 de outubro de 1953
Ensinamentos
Tudo decorre na vida segundo a marcha evolutiva que nos obriga a galgar o píncaro das nossas aspirações.
Tudo decorre segundo as nossas necessidades, sem que possamos evitar a marcha do progresso moral do nosso espírito.
Tudo decorre segundo as nossas necessidades, sem que possamos evitar a marcha do progresso moral do nosso espírito.
Tudo decorre, no entanto, de acôrdo com o nosso livre arbítrio. E assim, é que podemos acelerar a marcha ascensional do progresso, ou retardá-la, mas cumpe considerar, ter presente, que nunca recuamos ou voltamos a uma condiçao inferior no que respeita ao progresso espiritual.
E assim é, que aparentemente, através de encarnações e encarnações, tantas vêzes nos apresentaamos de formas diversas; trilhando em cada etapa, cursando em cada ciclo de vida terrena, uma modalidade, uma forma, uma condição necessária ao aperfeiçoamento do espírito, que aprimora, que burila, que corrige tal ou qual imperfeição, de modo a retificar os nossos erros.
E assim é que, hoje nos apreentamos ricos e orgulhosos e amanhã pobres e humilhados.
Estas reações em nosso ser, exercem a função de entrarmos em entendimento interior com o nosso Ego e compararmos, na intimidade do nosso Eu, a grandeza das nossas ações e podermos assim de moto próprio, cairmos na realidade das cousas meritórias da vida, usufruindo, às nossas próprias custas, os ensinamentos que daí advém.
E assim, é que o tempo deorre e nós passamos pelo tempo, largando hoje aqui, amanhã acolá, um pedaço dos andrajos, da roupagem pesada, rôta e esfarrapada, das nossas imperfeições e vamos nos sentindo mais leves à medida que o tempo decorre e vamos nos sentindo mais claros e iluminados, à medida que largamos no caminho, a carga dos nossos andrajos.
Meu amigo, grande é o poder do infinito e grande é o poder do Pai.
Nós somos o nosso próprio carrasco que nos executa.
O Pai preside. Nós nos curvamos diante da fatalidade, porque nós somos os nossos próprios mestres.
Mas meu amigo, podemos hoje ou amanhã, cansados da caminhada, nos assentarmos à beira do caminho, levemente inclinado olhando o cortejo que segue, vendo ao nosso lado, no despenhadeiro, os ue se negam a caminhar.
Os renitentes, os obstruídos pelos maus, que se apegam e que se mostram por largo tempo, incapazes de voltar à estrada do progresso, até que um dia, despertos, voltam à jornada e seguem a marcha da ascensão.
Livra-te, amigo, dos andrajos, pede ao Pai o entendimentonecessário, o roteiro do bem, e com ânimo forte e desejo sincero de vencer, alarga o teu passo, ajuda aquêle que mais fraco do que tu, não tem ainda o conhecimento exato da verdade. Procura levantar a ti e aos teus. Não sigas displicente.
Dai o braço ao trôpego, orienta o cego que apalpa, que tateia as pedras do caminho, livra-lhe os obstáculos e deixa que sobre ti e sôbre os teus irmãos caiam as bençãos do Pai, como orvalho que refrigera a vegetação que desdobra à tua vista, como sombra que ampara e te conforta.
E por hoje me despeço de ti. Aceita as bençãos do Paie crê em teu amigo que ri de satisfação, sempre que consegues para ti, mais uma parcela de ensinamento e encorajamento, na fase da existência que atravessas.
Nathan