domingo, 30 de dezembro de 2012


Os médicos Robin Hood da Grécia

29 outubro 2012
THE NEW YORK TIMES NOVA IORQUE
Os sucessivos orçamentos de austeridade deixaram centenas de milhares de desempregados gregos sem seguro de saúde. Uma situação desesperada que uma rede paralela de médicos procura aliviar.No Hospital Didymóteicho, em Evros, no nordeste da Grécia, em agosto de 2012.
No Hospital Didymóteicho, em Evros, no nordeste da Grécia, em agosto de 2012.
DR
O Dr. Kostas Syrigos, chefe do maior serviço de oncologia da Grécia, pensava que já tinha visto tudo. Mas nada o preparara para Elena, uma mulher desempregada, com um cancro da mama diagnosticado um ano antes de o procurar. Nessa altura, o cancro atingira o tamanho de uma laranja e rasgara a pele, deixando à vista uma ferida que Elena drenava com guardanapos de papel. "Ficámos sem fala, quando a vimos", disse o Dr. Syrigos, chefe de oncologia do Hospital Geral de Sotiria, no centro de Atenas. "Toda a gente chorou. Os livros de estudo descrevem coisas como aquela, mas nunca as tínhamos visto até então. Todas as pessoas que ficam doentes neste país deviam sempre ter ajuda."
A vida na Grécia ficou de pernas para o ar desde que a crise da dívida se instalou. Mas são poucas as áreas nas quais a mudança tenha sido mais impressionante do que nos cuidados de saúde. Até há pouco tempo, a Grécia tinha um sistema de saúde normal. As pessoas que perdiam os empregos recebiam cuidados de saúde e subsídio de desemprego durante um ano, mas continuavam a ser tratadas nos hospitais quando não podiam pagar, mesmo depois de o subsídio ter terminado.
As coisas mudaram em julho de 2011, quando a Grécia assinou um acordo de empréstimo suplementar com os mutuantes internacionais, para evitar o colapso financeiro. Agora, conforme estipulado no acordo, os gregos têm de pagar do seu bolso todos os custos, depois de o subsídio expirar.
Cerca de metade dos 1,2 milhões de desempregados de longa duração não têm seguro de saúde, esperando-se que esse número venha a aumentar drasticamente, num país com uma taxa de desemprego de 25% e uma economia moribunda, disse Savas Robolis, diretor do Instituto do Trabalho da Confederação Geral dos Trabalhadores gregos.
As mudanças estão a obrigar um número crescente de pessoas a procurar ajuda fora do sistema de saúde tradicional. Elena, por exemplo, foi enviada ao Dr. Syrigos por médicos de um movimento paralelo surgido no país, para cuidar dos que não têm seguro de saúde. "Neste momento, na Grécia, estar desempregado significa morte", disse o Dr. Syrigos, um homem de modos austeros que se tornam brandos quando fala dos tormentos dos doentes com cancro.

Rede clandestina Robin Hood

A situação é nova para a Grécia – e talvez também para a Europa. A mudança é especialmente impressionante no caso do cancro, cujos tratamentos são longos e caros. Quando o cancro é diagnosticado em pessoas sem seguro, "o sistema ignora-as simplesmente", afirma o Dr. Syrigos, que acrescenta: "Não têm acesso à quimioterapia, à cirurgia e nem mesmo a simples medicamentos”.
O próprio sistema de saúde é cada vez mais disfuncional e poderá ficar pior, se o Governo cortar mais €1,5 mil milhões em despesas de saúde, corte que o Executivo propôs como parte de um novo plano de austeridade que tem por finalidade travar mais financiamentos. Os cofres do Estado estão vazios e os stocks são tão reduzidos que alguns doentes são obrigados a levar consigo para os tratamentos aquilo de que precisam, como seringas e endopróteses.
Os hospitais e as farmácias exigem agora o pagamento imediato dos medicamentos, o que, para os doentes com cancro, pode ascender a dezenas de milhares de dólares, dinheiro que a maior parte deles não possui. À medida que o sistema se deteriora, o Dr. Syrigos e vários colegas decidiram tomar o problema em mãos.
No princípio deste ano, criaram uma rede clandestina para ajudar doentes com cancro e outros doentes que não têm seguro de saúde. Esta funciona fora da rede oficial, utilizando apenas medicamentos não usados doados por farmácias, algumas empresas farmacêuticas e até famílias de doentes com cancro que morreram. Na Grécia, os médicos que sejam apanhados a ajudar doentes sem seguro, usando medicamentos dos hospitais têm de pagar os custos do seu próprio bolso.
"Somos uma rede Robin Hood", declarou o Dr. Giorgos Vichas da Clínica Social Metropolitana, nos arredores de Atenas. Vichas é um cardiologista que fundou o movimento paralelo em janeiro. "Mas esta operação tem uma data de validade", acrescentou. "Vai chegar uma altura em que as pessoas deixarão de poder doar, por causa da crise. É por isso que estamos a pressionar o Estado para voltar a assumir a responsabilidade."

Confiança aos que quase tinham desistido

Enquanto o Dr. Vichas falava, entrou Elena, com uma touca plissada e uma blusa larga. Vinha buscar medicamentos para a ajudar a suportar os efeitos da quimioterapia que lhe fora administrada havia pouco pelo Dr. Syrigos.
Elena conta que ficou sem seguro depois de ter deixado de trabalhar como professora, para tomar conta dos pais, que tinham cancro, e de um tio doente. Na altura em que eles morreram, a crise financeira tinha atingido a Grécia e agora, aos 58 anos, não consegue arranjar emprego.
Diz que entrou em pânico, quando se descobriu que tinha o mesmo tipo de cancro da mama que matara a sua mãe: disseram-lhe que os tratamentos custariam pelo menos 40 mil dólares e o dinheiro da família tinha-se esgotado. Tentou vender uma pequena parcela de terra mas ninguém comprava.
O cancro alastrou e Elena não conseguiu encontrar tratamento até há alguns meses, quando procurou a clínica paralela do Dr. Vichas, de que ouviu falar. "Se não pudesse vir aqui, não fazia nada", disse. "Hoje, na Grécia, temos de fazer um contrato com nós próprios e tentar não ficar muito doentes."
Elena conta que ficou chocada por, como parte do resgate, o Estado grego ter recuado em relação a um pilar de proteção da sociedade. Mas o facto de os médicos e os cidadãos comuns se organizarem para ajudar naquilo em que o Estado falhava deu-lhe esperança nos momentos mais sombrios. "Aqui, há pessoas que se preocupam", disse.
Para o Dr. Vichas, a terapia mais poderosa podem não ser os tratamentos mas a confiança que o grupo Robin Hood dá àqueles que quase tinham desistido. "O que ganhámos com a crise foi termo-nos aproximado", observa.
"Isto é resistência", acrescenta, olhando para os voluntários e doentes, que se movimentam pela clínica. "É uma nação, um povo que consegue voltar a pôr-se de pé, com a ajuda que as pessoas dão umas às outras."

Jagunço recebe arma, celular e R$ 600 para matar líderes Kaiowá

Jagunço recebe arma, celular e R$ 600 para matar líderes Kaiowá

Brasil vai fabricar helicópteros Mi-171

 
17.12.2012, 19:28
A empresa estatal russa Rostekhnologii (Tecnologias da Rússia) e a empresa brasileira Odebrecht Defesa e Tecnologia assinaram um memorando de cooperação.
O documento prevê a criação de uma joint venture que, em particular, montará helicópteros multiuso Mi-171 no Brasil.O Brasil também pretende criar um centro de serviços que irá operar com helicópteros Mi-35M. Além disso, a Rússia e o Brasil tencionam desenvolver um sistema de defesa aérea  destinado ao Ministério da Defesa do Brasil. No entanto, o tipo do sistema não foi especificado.

Al-Qaeda oferece 3 kg de ouro a quem matar embaixador dos EUA no Iêmen

 
30.12.2012, 10:29
A organização terrorista Al-Qaeda na Península Arábica ofereceu uma recompensa de três quilos de ouro em troca do assassínio do embaixador dos Estados Unidos no Iêmen, Gerald Feierstein.
Num vídeo realizado por uma das produtoras da Al-Qaeda, a Al Malahin, e divulgado por fóruns jihadistas na Internet, o grupo anuncia "prêmios e incentivos no âmbito da jihad e para ampliar o círculo da jihad popular de umma (nação islâmica)".A gravação, intitulada "Jihad e Umma", informa que "o primeiro prêmio, cujo valor é de 3.000 gramas de ouro, será dado a quem matar o embaixador americano judeu em Sana".

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Afinal, o que é inteligência?
Isaac Asimov

Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos. A média era 100. Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal. (Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police).
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez. Ele adorava contar piadas. Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”.
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou: “Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”.
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

(tradução livre do original“What is inteligence, anyway?”)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Portal Arcos - Empresa é condenada por fazer desvio de curso do rio São Francisco em Lagoa da Prata e Luz

Quebrar a empresa será a solução ??? Naquele tempo havia uma legislação específica e órgãos fiscalizadores, incluindo Ministério Público, policia e judiciário. Se a empresa fez tal alteração houve a concordância ou a omissão dos órgãos fiscalizadores. Portanto, se o ocorrido está acobertado pelo Ato Jurídico Perfeito, não há que se falar em penalização a posteriori. Acrescente-se a isso o fato de que, naquele tempo, a legislação não era tão severa como a de hoje. Pelo menos, não se via algo desse tipo acontecer naqueles tempos.

Portal Arcos - Empresa é condenada por fazer desvio de curso do rio São Francisco em Lagoa da Prata e Luz

sábado, 15 de dezembro de 2012


Conselho das ZPE aprova a instalação de projetos industriais e apresenta atividades para 2013

13/12/2012
Conselho das ZPE aprova a instalação de projetos industriais e apresenta atividades para 2013
Brasília (13 de dezembro) - O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) aprovou os projetos industriais das empresas Amazon Polímeros Indústria, para instalação na ZPE do Acre (AC); DK Frutas e Concentrados do Nordeste e KTAFarma Indústria e Comércio, ambas para instalação na ZPE de Parnaíba (PI); e  Vale Pecém, para instalação na ZPE de Pecém (CE). A decisão foi tomada em reunião presidida pelo ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, nesta quarta-feira(12/12), em Brasília.
Todas as empresas atenderam aos requisitos para apresentação de projetos industriais previstos na legislação, principalmente, no que concerne à viabilidade econômica, capacidade de integração da ZPE com as economias local e regional, bem como a colaboração para o desenvolvimento da região de influência de cada ZPE.
A autorização do Conselho para a instalação dos projetos industriais em questão resulta do esforço do setor privado, que optou pela ZPE como modelo alternativo para ampliar a competitividade e agregar valor às exportações brasileiras.
Durante a reunião, foi aprovada ainda a alteração da Resolução CZPE nº 02/2009, no que se refere as questões pertinentes à exigibilidade de processo seletivo público na escolha de empresa administradora de ZPE sob controle de capital privado e, também, relativas à comprovação da disponibilidade da área destinada a sediar a ZPE.
O Conselho se reunirá extraordinariamente, em breve, para deliberar sobre a proposta de criação da Zona de Processamento de Exportação de Porto Velho – Rondônia.
Propostas
A revisão na legislação de ZPE também foi abordada na reunião, com debate sobre ajustes nos mecanismos para aperfeiçoar o processo de criação de novas zonas, evitando que propostas caduquem e garantindo investimentos em novos projetos.
O acordo de Cooperação Técnica entre MDIC e Banco do Nordeste (BNB) para estabelecer uma linha de financiamento e a possibilidade de apoio do Banco nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) foram citados como medidas para disponibilizar recursos para projetos de ZPE. 
As atividades previstas pela Secretaria Executiva do CZPE para o próximo ano também foram apresentadas na reunião. Iniciativas para atrair investimentos e divulgar as ZPE estão os destaques do plano de ação em 2013.
Estão previstas reuniões com câmaras de comércio e entidades setoriais, workshops em parceira com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e visitas técnicas a portos secos e ZPE pelo país. Em janeiro haverá, ainda, um seminário para conclusão do Programa de Compartilhamento de Conhecimento (KSP, em inglês), um programa de cooperação técnica estabelecido com o Instituto de Desenvolvimento da Coréia do Sul (KDI).
O que são as ZPE
As Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) são áreas de livre comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem exportados, existindo a possibilidade de internação de até 20% da produção, sendo consideradas zonas primárias para efeito de controle aduaneiro.
As empresas que se instalam em ZPE têm acesso a tratamentos tributário, cambiais e administrativos específicos e o principal requisito é o seu caráter eminentemente exportador, ou seja, as empresas devem auferir e manter receita bruta decorrente de exportação para o exterior de, no mínimo, 80% de sua receita bruta total.
Mais informações para a imprensa:Assessoria de Comunicação Social do MDIC
(61) 2027-7190 e 2027-7198
Allan Viríssimo
allan.virissimo@mdic.gov.br

blog do servidor

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GOVERNO NOTICIA OS SEIS MAIORES BANCOS DO PAÍS

Ministério da Justiça pede informações sobre preços dos pacotes para pessoa física. Leia a nota na íntegra: 

Indícios de falta de informações sobre pacotes bancários e a inserção de serviços essenciais e gratuitos que dificultam a liberdade de escolha do consumidor. Por essas razões, os seis maiores bancos brasileiros – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander – foram notificados nesta quinta-feira, 13/12, a prestarem esclarecimentos sobre os pacotes de serviços bancários oferecidos aos consumidores.

A notificação foi feita pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ), por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). O órgão pede informações sobre a quantidade, a composição e o preço dos pacotes disponíveis para contratação pelo consumidor pessoa física. O DPDC questiona ainda a forma como o pacote padronizado pela Resolução CMN/Bacen nº 3.919 é ofertado ao consumidor.

Os bancos notificados têm o prazo de 10 dias para responder aos questionamentos e apresentar os documentos solicitados, que serão avaliados pelos técnicos do DPDC e do Banco Central do Brasil (BC) para a adoção das medidas necessárias. 


Brasília, 17h51min 

http://www.dzai.com.br/blogservidor/blog/blogservidor

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


CONSELHO EUROPEU:
A Europa federal não é para agora

13 dezembro 2012
LIBÉRATION PARIS
A última cimeira da União Europeia deste ano não vai avançar na senda de uma união económica e monetária mais estreita. Deve-se isso a Berlim e Paris, que chegaram a um acordo para abandonar o roteiro apresentado por Herman Van Rompuy. O debate sobre o futuro da União foi adiado para 2014, depois das eleições alemãs e europeias.
François Hollande e Angela Merkel acabam de pregar uma partida muito prejudicial à União Europeia. O par franco-alemão, por uma vez de acordo, decidiu ontem inviabilizar um debate estratégico sobre o futuro da Europa. Um debate adiado, suprimido ou mesmo banido.
Os Vinte e Sete tinham-se comprometido a adotar, antes do fim do ano, um “roteiro” político. Nele deviam constar as grandes etapas de uma “integração solidária” – para retomar uma expressão sibilina grata ao Presidente Hollande. Que solidariedade financeira, capacidade orçamental comum, controlo democrático?
Não se tratava de tomar decisões a respeito de tudo, nem de investir numa irresponsável fuga para a frente; pretendia-se apenas dinamizar todas as instituições da União e, sobretudo, abrir um vasto debate, às claras. Pelo menos por duas razões. A sobrevivência da zona euro depende disso: os Vinte e Sete só evitaram a catástrofe com decisões que foram dando passos no sentido da solidariedade financeira entre os Estados-membros, a cada cimeira apelidada de “última oportunidade”. Mas essa navegação à bolina – e é a segunda razão – foi feita sob pressão dos mercados, sem uma visão política e, sobretudo, nas costas da opinião pública.
Discordando quanto aos contornos de um novo federalismo europeu, franceses e alemães preferiram uma política de avestruz: Angela Merkel entra num período eleitoral e não quer correr nenhum risco, e François Hollande teme reacender velhas feridas dentro da sua maioria. Pare-se tudo!
Só que esta visão politiqueira baseia-se em premissas duvidosas, como se a crise estivesse definitivamente ultrapassada e as populações se pudessem contentar com uma austeridade de vistas curtas.

Portal Arcos - Arcos está entre as 100 cidades mais desenvolvidas do país

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Funcionários da ONU pedem mais doações para fundo humanitário global

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Secretário-Geral Ban Ki-moon (à esquerda) e a chefe humanitária da ONU Valerie Amos, na conferência anual de alto nível sobre o Fundo Central de Resposta de Emergência (CERF). (ONU/Rick Bajornas)
Em uma Conferência Anual de Alto Nível sobre o Fundo Central de Resposta de Emergência da ONU (CERF), realizada hoje (11) na sede da ONU, em Nova York, funcionários da ONU agradeceram a todos que tornaram possíveis as ações humanitárias do Fundo este ano e pediram para que doações generosas sejam feitas para que o CERF continue a salvar vidas.
O Fundo, administrado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), é uma das maiores fontes mundiais de financiamento humanitário. Desde 2006, permite a entrega rápida de assistência a pessoas afetadas por desastres naturais e outras crises em 87 países e territórios.
Só este ano, as alocações do CERF — no total, cerca de 465 milhões dólares — tornaram possível a entrega de ajuda humanitária a 49 países, incluindo Síria, Sudão do Sul, Haiti e Paquistão. É o maior valor já alocado em um ano.
“O CERF não é apenas uma sigla para um fundo de vários milhões de dólares”, afirmou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon. “É a vacina que salva uma criança da febre amarela, ou a sua mãe da meningite. É o cobertor que cobre uma família de refugiados, quando as temperaturas caem abaixo de zero. É o abastecimento sanitário que permite que uma jovem vá para a escola com confiança e dignidade”.
“O CERF é mais do que uma mensagem da comunidade internacional — é a ajuda verdadeira para os membros mais vulneráveis da nossa família humana”, acrescentou.

Política Estados-membros

ITÁLIA:
Um país em coma

11 dezembro 2012
LA STAMPA TURIM
Cena de "Girlfriend in a coma", escrito, produzido e realizado por Annalisa Piras e coescrito por Bill Emmott. Desenhos de Phoebe Boswell.
Cena de "Girlfriend in a coma", escrito, produzido e realizado por Annalisa Piras e coescrito por Bill Emmott. Desenhos de Phoebe Boswell.
No seu documentário “Girlfriend in a coma” [Namorada em coma], o antigo diretor da revista The Economist, Bill Emmott, analisa as razões da resistência inultrapassável da Itália às mudanças e às reformas absolutamente necessárias. Uma atitude que partilha com muitos países europeus e que explica, em parte, a vontade de Silvio Berlusconi de voltar ao poder.
Se há uns anos alguém tivesse dito que eu agora estaria a escrever e a pensar e até a fazer um filme não sobre o Japão ou a China ou qualquer outro dos meus antigos temas mas, em vez disso, sobre a Itália, eu teria pensado que essas pessoas andavam a fumar uma qualquer substância ilegal. Mas quando penso nisso agora, e como penso que as iminentes eleições gerais em Itália serão cruciais, a maneira como passei os últimos anos não é de todo surpreendente.
As razões não são apenas essas duas palavras infames, Silvio e Berlusconi. Mas também porque a Itália é essencial para muitas das coisas que sempre me preocuparam sobre o futuro do Ocidente.
Primeiro, apaixonei-me por Itália por causa de Silvio Berlusconi, sim. Nós, emThe Economist, na capa de abril de 2001, declarámo-lo “incapaz de governar a Itália” por razões de princípio e não pelos escândalos sexuais que, mais tarde, o tornaram famoso no Reino Unido e nos Estados Unidos. […] Éramos contra a captura dos poderes de um governo de uma democracia ocidental por um único e enorme interesse privado, e contra a erosão do estado de direito por esse mesmo poder. Como Umberto Eco diz no meu filme, nos outros países também temos magnatas e concentração de meios de comunicação social e lóbis poderosos, por isso, existe também esse mesmo perigo no Reino Unido, na América e em muitos outros países.

Resistência à mudança

Essa capa foi o início da minha jornada italiana, uma jornada animada por dois processos de difamação interpostos por Berlusconi (ambos ganhos porThe Economist), mas intensificada depois pelo conhecimento que eu gradualmente ia adquirindo sobre a natureza dos problemas de Itália, em todas as áreas – económica, política e moral. […]
Esse processo era fascinante e muitas vezes divertido, mas também teve dois efeitos sobre mim: tornou-me mais pessimista e deixou-me ainda mais preocupado sobre a decadência do Ocidente.
Essa jornada tornou-me gradualmente mais pessimista porque fui ficando cada vez mais consciente da enorme resistência que existe  em Itália para mudar e reformar, vinda de grupos de interesse de todos os géneros. Esta resistência foi o maior problema do primeiro-ministro Mario Monti, durante o ano passado.
Monti pensou que seria possível se conseguisse persuadir esses grupos de interesse, fossem eles sindicatos ou grandes empresas, ordens profissionais ou pensionistas, toda a gente faria algumas concessões e abriria mão de alguns privilégios pelo bem comum, como acontece com os países que desistem de tanques e mísseis durante as negociações sobre desarmamento. Mas até agora não resultou.
Não resultou porque o primeiro-ministro Monti depende do apoio parlamentar de partidos que recusam as mudanças para agradarem à maioria dos seus eleitores ou simplesmente para se agredirem uns aos outros. E não resultou porque toda a gente sabia que o Governo de Monti era temporário: basta atrasar e “a noite passa”, como diz o ditado. Até mesmo os governos locais usaram essa tática, atrasando a implementação de novas leis porque sabiam que em breve haveria eleições.

Elites negam a realidade

Isso também me deixou pessimista por uma segunda razão. Durante vários anos, até a crise do mercado de obrigações de 2011 ter obrigado a elite a encarar a verdade sobre a fragilidade económica da Itália, reparei que havia uma forte e muito difundida tendência para negar a realidade, usando factos falsos ou desatualizados para autogarantir que o país era forte e não fraco: elevada poupança das famílias (na verdade era apenas metade), famílias ricas (tentando vender a casa que sustenta essa “riqueza”), indústria forte (apenas um sétimo do PIB e a tornar-se cada vez menos competitiva e não mais), uma inata criatividade italiana (no entanto, a meritocracia foi destruída e os licenciados mais criativos emigraram para Berlim, Londres e Nova Iorque).
O choque do mercado obrigacionista parecia ter mudado a situação. Mas será que mudou mesmo? Se os grupos de interesse ainda bloqueiam tão fortemente as reformas, provavelmente pensam que, afinal de contas, as mudanças não são necessárias. Nos meus momentos otimistas, digo a mim mesmo que estão apenas a ganhar tempo, esperando, em 2013, ser mais fortes do que outros grupos de interesse. No entanto, também podem estar à espera que aconteça qualquer coisa mágica que faça com que a mudança possa ser evitada: uma cura milagrosa feita por Mario Draghi, no Banco Central Europeu, ou uma repentina decisão da Alemanha de pagar as dívidas do Sul da Europa ou uma outra coisa qualquer. A verdade é que continuam a evitar.
Esta tendência, dos grupos de interesse para manterem os seus direitos e privilégios e das elites para tentarem evitar a realidade, não é só da Itália. Esses problemas também existem no resto do Ocidente. Enquanto a América espera para ver como é que o congresso lida com “o despenhadeiro fiscal” que ameaça a sua economia a partir de 1 de janeiro, também aí os grupos de interesse esperam defender os seus interesses e as elites negam a realidade.

Itália pôs-se a si própria em coma

A diferença é que em Itália este processo já se arrasta há demasiado tempo – 20 anos, na verdade – e, entretanto, outras forças económicas e sociais degeneraram. A América e o Reino Unido estão apenas no início deste processo e ainda tenho esperança de que possa ser evitado. Mas a Itália, tal como no título do meu filme, pôs-se a si própria em coma.
Irá acordar? A aparente decisão de Berlusconi de concorrer nas eleições opondo-se à austeridade financeira do primeiro-ministro Monti sugere que a negação da realidade continua forte, pelo menos à direita. As próximas eleições serão um teste crucial, até mesmo histórico. Um teste para sabermos se os partidos políticos e os grupos de interesses que os apoiam entendem verdadeiramente a natureza dos problemas de Itália e percebem que insistir nas velhas políticas não é solução. Um teste para sabermos se serão cumpridas as exigências dos eleitores de novas ideias, novas prestações de contas e mesmo de novos rostos. E, para o Ocidente, será um teste para sabermos se é justificada a nova fé na capacidade da democracia para corrigir os erros.
O primeiro-ministro Monti tem razão em demitir-se e em provocar esse teste. É um teste que não pode e não deve ser adiado por mais tempo.

A quimera da união bancária

12 dezembro 2012
POLITYKA VARSÓVIA




Raul Arias
A união bancária já foi adiada durante mais de dez anos, mas há indícios de que a situação poderá mudar com a próxima cimeira da UE, esta quinta-feira. É evidente que os interesses nacionais de certos Estados-membros prevalecerão sobre o bem comum, lamenta o colunista do jornal Polityka.
Seja qual for a decisão tomada pelos líderes da UE na cimeira desta quinta-feira, não será certamente a união bancária de que se falou nos últimos meses.
Deveria ser constituída por quatro elementos: uma supervisão bancária integrada, um sistema de garantia dos depósitos e de resolução de crises bancárias e um quadro regulamentar comum dos bancos supranacionais.
No melhor dos casos, o primeiro elemento mencionado será o único a ser aplicado. E mesmo que a supervisão bancária europeia seja introduzida, seria exagerado designá-la por “união”.

Oportunidade perdida

A união bancária deveria ter ocorrido há dez ou 15 anos atrás. De facto, há muito que temos o equivalente de um mercado financeiro único – os bancos europeus operam de forma transnacional, os investidores compram obrigações dos países vizinhos, os cidadãos abrem contas noutros Estados-membros – a única coisa que se mantém nacional é a supervisão financeira.
Por consequência, os maiores bancos são menos controlados na Europa do que nos Estados Unidos; pior ainda, a UE não tem regulamentos de proteção similares ao Capítulo 11 [que permite às empresas se reorganizarem caso] entrem em falência.
Uma vez mais, os interesses nacionais impedem uma maior união. A Alemanha não quer que a supervisão bancária única interfira com os seus Sparkassen [bancos de poupança regionais]. A França gostaria de evitar as regulamentações comuns, nomeadamente em matéria de fundos próprios.
A Holanda não quer financiar o sistema de garantia dos depósitos. Mas o maior opositor a esta união bancária é o Reino Unido, que teme um ataque mortífero à City, o centro financeiro da Europa e o principal motor da economia britânica. David Cameron participará na cimeira e tenciona fazer uso do seu veto.

União bancária da zona euro

A união bancária deveria marcar o início da recuperação da economia europeia. Em vez disso, preparamo-nos para assistir a mais uma cimeira de impotência política – esta deverá ser ainda mais humilhante, na medida em que acontecerá pouco depois dos membros da UE receberem o prémio Nobel da Paz em Oslo.
Mas o facto de os Estados-membros não chegarem a um consenso terá uma consequência muito específica: os países da zona euro implementarão a sua supervisão bancária.
Caso a cimeira acabe num fiasco, 18 dos 27 Estados-membros receberão um mandato claro para desenvolver uma maior integração entre eles. Já foi apresentada a proposta de um orçamento da zona euro à parte.